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Spike Lee completa 67 anos; conheça a trajetória do renomado diretor de cinema

Diretor estadunidense faz aniversário neste dia 20 de março; relembre seus filmes, documentários e comerciais
Spike Lee conversa com David Remnick durante o 2023 New Yorker Festival no Webster Hall em 7 de outubro de 2023 na cidade de Nova York.

Foto: Bryan Bedder/Getty Images for The New Yorker/AFP

20 de março de 2024

Nesta quarta-feira (20), o diretor estadunidense Spike Lee completa 67 anos. Com mais de 40 anos de carreira, o mestre do audiovisual afro-americano acumula um vasto material em sua trajetória, transitando entre a direção, roteiro e produção de filmes, séries, videoclipes e comerciais de televisão. 

Onde tudo começou

Shelton Jackson Lee, seu nome de batismo, nasceu em Atlanta, nos Estados Unidos, em 20 de março de 1957. Ainda durante a infância, se mudou com a família para o Brooklyn, em Nova Iorque. Filho da professora de arte e literatura negra, Jacquelyn Lee, “Spike” é como sua mãe o chamava na infância. Seu pai é Bill Lee, músico e compositor de jazz, que inclusive participou da trilha sonora dos primeiros trabalhos do diretor.

Antes de iniciar sua carreira com o renomado longa-metragem “Ela Quer Tudo“, de 1986, Lee já era premiado por sua primeira obra independente “Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads“, de 1983. O curta foi resultado de sua pós-graduação em Cinema e Televisão na Universidade de Nova York (NYU), em parceria com os colegas de classe Ang Lee e Ernest R. Dickerson, e lhe rendeu o seu primeiro Oscar, o prêmio “Student Academy Award”, categoria da academia que premia produções estudantis.

Mas foi com “Ela Quer Tudo”, seu primeiro filme gravado durante o verão de 1985, em duas semanas, graças às economias de sua avó, que o diretor foi reconhecido pelo Festival de Cannes. O Filme preto em branco causou um impacto até hoje sentido por outros profissionais negros da indústria, que o declaram como pioneiro entre os cineastas negros.

O primeiro sucesso

Em 1989, com “Faça a Coisa Certa“, Lee se estabeleceu como um dos maiores diretores de sua geração. Nessa obra ficou marcada a característica que imprimiria em suas futuras obras e o tornaria reconhecido: sua visão política singular, a exploração de conflitos raciais e a potencialidade da cultura negra.

O filme “Faça a Coisa Certa” mergulha nas complexidades das tensões raciais em um bairro do Brooklyn durante um dia de intenso calor. A trama acompanha diversos personagens, cada um representando uma faceta das questões sociais e culturais presentes na comunidade. Conflitos surgem e culminam em um desfecho impactante, levantando questionamentos sobre justiça, identidade e as consequências das ações individuais e coletivas em uma sociedade diversa e multifacetada. 

Spike Lee interpretando o personagem Mookie em “Faça a Coisa Certa”, de 1989. Imagem: Reprodução

O talento para documentar

Herbert Eichelberger, que foi o seu professor de cinema na Clark University em Atlanta e a quem Spike Lee se refere como seu mentor, apontou o seu talento para ser um grande contador de histórias e afirmou que o estudante estava predestinado a fazer documentários. No entanto, o seu primeiro documentário foi lançado somente em 1997, intitulado “Quatro Meninas – Uma História Real“, que foi indicado ao Oscar.

A produção revisita o atentado à igreja batista de Birmingham, Alabama, em 15 de setembro de 1963, que resultou na morte de quatro meninas afro-americanas. Spike Lee utiliza entrevistas, imagens de arquivo e uma narrativa envolvente para contar a história dessas jovens vidas perdidas e o impacto que esse evento teve na luta por igualdade racial no país.

Os vários universos de Spike Lee

Mesmo sendo bem recepcionado com o seu documentário, Lee redirecionou a potência artística para os filmes com tendência política como “Malcolm X“, de 1992; e “Febre da Selva“, de 1991.

“Malcolm X” retrata as lutas, descobertas e convicções do ativista, interpretado por Denzel Washington, enquanto ele desafia o sistema racista e luta pela libertação e empoderamento da comunidade afro-americana.

Já em “Febre da Selva”, Spike Lee aborda a história de um músico de jazz, interpretado por Wesley Snipes, e sua jornada de autodescoberta enquanto enfrenta desafios pessoais e profissionais em meio à fervilhante cena musical de Nova Iorque.


Spike Lee não se acomodou com os seus trabalhos no cinema. O seu talento foi aproveitado em outras vertentes do audiovisual, como os videoclipes — “They Don’t Care About Us“, de Michael Jackson, e “Fight The Power“, de Public Enemy — além dos comerciais publicitários. Grande torcedor do New York Knicks, Lee foi responsável pela elaboração de uma série de anúncios da Nike entre as décadas de 1980 e 1990.

Comercial da Nike, de 1995, celebrando o retorno de Michael Jordan para a NBA. Imagem: Reprodução

Entre os destaques, estão os comerciais para os tênis Air Jordan, em 1987, que alavancou a sua carreira. Segundo a Agence France-Presse (AFP), os comerciais apresentando o Michael Jordan e o próprio Spike Lee, no papel de Mars Blackmon (personagem do filme “Ela Quer Tudo”), transformou o marketing esportivo.

Fiel ao seu propósito

Em determinados momentos de sua carreira respeitada, Spike Lee experimentou diversos gêneros cinematográficos, entre eles “O Plano Perfeito“, de 2006, um thriller de assalto que apresenta um grupo de criminosos determinados a executar o roubo perfeito a um banco em Nova Iorque e “Oldboy – Dias de Vingança“, de 2013, que conta a história de Joe Doucett, interpretado por Josh Brolin, um homem misteriosamente sequestrado e mantido em cativeiro por 20 anos.

Mas quando se trata de sucesso de crítica e reconhecimento do público, os filmes de carga política e racial se sobressaem. É o caso dos recentes “Destacamento Blood”, de 2020, que fala sobre veteranos negros da guerra do Vietnã e “Infiltrado na Klan“, de 2018, sobre um agente negro do FBI infiltrado na Ku Klux Klan.


 O último citado, inclusive, lhe rendeu o segundo lugar no Grande Prêmio de Cannes e o melhor roteiro adaptado no Oscar, seu primeiro Oscar oficialmente – sem contar o honorário em 2015.

Cena do filme “Infiltrados na Klan”, de 2018, uma das obras mais aclamadas de Lee. Imagem: Reprodução

Legado em desenvolvimento

Só com os trabalhos feitos e citados, Spike Lee é considerado uma grande referência quando o assunto é cinema negro. O diretor, no entanto, está longe de “se aposentar” e prova que tem muito ainda para contribuir ao audiovisual.

Inclusive, o diretor está cotado para dirigir um remake de “Céu e Inferno”, um suspense japonês aclamado de Akira Kurosawa. Até o momento, as informações que se tem é de que a produção será lançada pela A24 e Denzel Washington se reunirá pela quinta vez – e a primeira em quase 20 anos – para o projeto com Lee. O filme ainda não conta com uma data de estreia.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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