Karin Hils é o tipo de artista que não cabe em uma única caixinha. Revelada ao grande público como uma das integrantes do grupo Rouge, ela soube se reinventar ao longo dos anos em múltiplas linguagens: do pop ao teatro musical, da televisão à dramaturgia.
Em entrevista, Karin compartilha os bastidores dessa jornada intensa e as camadas por trás de uma carreira marcada por coragem, versatilidade e, sobretudo, identidade.
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“Não há equilíbrio. Eu transito onde tenho oportunidades de evoluir com a minha arte”, conta a artista, ao refletir sobre o desafio de conciliar música e dramaturgia. “Isso só aconteceu porque eu tive oportunidade, sorte e sagacidade de me reinventar.”
Karin também não esconde a principal motivação que a leva a explorar tantas formas de expressão: “Com certeza a sobrevivência!”, diz, aos risos.
Da música ao palco — e vice-versa
Questionada sobre a transição do Rouge para a carreira solo, Karin Hils foi direta: “O maior desafio é ainda ter que responder essa pergunta”.
Apesar da resposta bem-humorada, Karin revela frustrações com os rumos da carreira musical individual. “Gostaria de ter tido ainda mais players, alcançado mais pessoas, mas o tiro saiu um pouco pela culatra”, admite. “Consegui produzir cinco belíssimas canções que têm minha identidade, mas dividi meu tempo com o teatro musical. E aí veio a pandemia, que fez tudo mudar”, recorda.
Entre os marcos de sua trajetória, um momento ganha destaque: “Conhecer a Whoopi Goldberg quando estreei o musical Mudança de Hábito foi excepcional”.

Inquietação como combustível
Com passagens por novelas, séries e espetáculos teatrais, Karin não vê um formato mais difícil que outro. “Todos me desafiam. Eu sou uma artista inquieta, questionadora. Eu sou incomodada”, afirma.
Essa inquietude também a levou a ser indicada duas vezes ao Prêmio Bibi Ferreira, uma das maiores honrarias do teatro musical brasileiro. Apesar do reconhecimento, ela mantém os pés no chão: “Toda indicação é bacana, mas isso não me envaidece”.
Representatividade e legado
Com uma trajetória que inspira outras mulheres e artistas negros, Karin Hils encara o impacto de sua carreira com lucidez: “Fico feliz que minha trajetória inspire outras pessoas, mas não encaro isso como uma responsabilidade. Isso é mais saudável mentalmente pra mim hoje em dia”.
Falando sobre os desafios da representatividade preta no entretenimento, a artista pontua avanços — mas alerta para as limitações. “Tenho testemunhado uma evolução significativa, mas a indústria ainda não nos valoriza financeiramente”, diz. “Temos mais protagonistas negros, mais atenção às nossas histórias, mas ainda enfrentamos desigualdades persistentes.”
Karin Hils segue sendo uma força potente da arte brasileira — inquieta, versátil e sempre em movimento.