A cantora e compositora Paula Lima nasceu na cidade de Taubaté, interior paulista, em 1970. Sua mãe percebeu o talento já no berço, aos 3 anos, quando acordava cantando. Paula teve aulas de piano dos sete aos dezessete anos, quando se formou pianista. E na escola participava de festivais de talento, através de sua habilidade de cantar.
Um de seus maiores sucessos é ‘Meu Guarda-Chuva’, música que Paula conheceu nos programas de rádio que tocavam black music, quando ainda era adolescente, na voz de Doris Monteiro, uma composição de Jorge Ben Jor.
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“Ele fez para o Jair Rodrigues quando uma garota não foi legal com ele em um dia de chuva. Demais toda essa história. Ele me contou que foi em busca, em um show que fiz em São Paulo, para saber quem queria tanto gravar essa música, que é um bálsamo pra mim. Depois o Jair também me contou. Tenho sorte!”, conta a cantora, em entrevista exclusiva para a Alma Preta.
Hoje a artista afirma que não leva em ‘Seu Guarda-Chuva’ a atual política brasileira. E quem não tem sensibilidade e empatia com o próximo.
Paula se formou em Direito pela Universidade Mackenzie, na capital paulista, e se matriculou no curso de Publicidade e Propaganda, pela FAAP (Faculdade Armando Álvares Penteado).
Na década de 1990, já no terceiro ano dessa faculdade, iniciou sua carreira, como integrante da Banda Unidade Móvel, liderada por Eugênio Lima e Will Robson, que lançaram o CD ‘Quebrando o Gelo do Clube’.
Em 1995, a cantora foi convidada para participar do ‘Grêmio Amigos do Samba, Rock, Funk & Soul’, e seu destaque teve início graças a participações importantes em músicas de Jorge Ben Jor, do disco ’23’, e na faixa ’Senhor Tempo Bom, de Thaíde e DJ Hum. Paula também fez parte de formações de sucesso como Funk como Le Gusta, nos anos 2000.
Desde o início de sua carreira solo, a cantora sentiu que foi marcada pelo racismo, em momentos importantes: “Vivi alguns episódios, um deles foi quando tive a oportunidade de gravar o meu primeiro trabalho e um produtor disse que era melhor não acontecer porque não sabia se o ‘mercado’ aceitaria duas cantoras negras no cenário. Havia mais uma cantora em busca de um lugar ao sol. Ela lançou o trabalho, mas não teve seu merecido lugar dentro dessa violência chamada racismo, assim como eu na época”, lamenta.
Referências
Paula entende que sucessos como ‘Senhor tempo bom’, com a dupla de Hip-Hop Thaíde e Dj Hum, além dos hits em parceria com Jorge Ben Jor, são passaportes importantes até hoje para que pessoas conheçam sua voz: “São artistas importantes para a música brasileira e para a minha história. Me inspiraram, ainda inspiram e trouxeram transformações vitais para a música brasileira. Com eles e outros artistas escrevo a minha história também”, relata.
Paula Lima lançou seu primeiro CD solo ‘É isso Aí’, em 2001, que conquistou o público e a crítica. O reconhecimento veio através de indicações, como Cantora Revelação no prêmio Multishow, e logo fez turnê internacional, passando por Londres e Japão.
Suas influências rítmicas vem do samba, funk, soul, samba-rock, MPB e artistas que, por vezes, foram seus aliados da música, como o próprio Jorge Ben Jor, Sandra de Sá, Elza Soares, Alcione, Dona Ivone Lara, Ella, Chaka Khan, Sandra, Michael Jackson, Simonal, entre outros.
Nova fase
Em 2005, em meio ao sucesso, a cantora se casou com Ronaldo Bonfim, que se tornou seu empresário, e construíram uma relação amorosa e de confiança. A parceria que durou 16 anos, deu início a realização de sonhos, como a abertura da empresa do casal, uma lavanderia que foi aberta em 2013.
Em maio deste ano, a cantora lamentou o falecimento do seu companheiro. Bonfim, não faleceu de Covid-19, como Paula fez questão de deixar claro. Ele estava passando por um tratamento renal, mas a causa da morte não foi divulgada.
“Te amarei para sempre nessa minha forma de te amar! Que Deus e os orixás te cubram com o sagrado e com todo axé! A luz te acompanhará por toda a eternidade, você é Rei Ronaldo Bomfim (Obs: Não foi Covid)”, declarou a artista.
Com os últimos acontecimentos e pelo período pandêmico, a artista acredita que seja um tempo para refletir também sobre novos formatos artísticos. No qual o público deve esperar como um afago musical, potente e que rompa o silêncio e a dor. E trará novidades aos palcos.
“Acredito que o amor, a saudade, a justiça e a cura se tornaram relevantes nesse momento dessa minha jornada. Trarei um som original, uma nova sonoridade até então desconhecida para quem me segue. Mas também com a minha assinatura que muitos já conhecem”, conclui.
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