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Invadindo sossegados sonhos alvos: Capítulo um – Por Água Abaixo

O prefeito tinha planos para a Favela do Cantão, expulsar os moradores e montar um projeto para os ricos, ele não contava com a força da comunidade que organizada poderiam, acabar com os sossegados sonhos alvos
 
Imagem: Alma Preta Jornalismo

Foto: Imagem: Alma Preta Jornalismo

4 de novembro de 2022

– Estamos perdendo o controle da situação! Gritou o Prefeito.

Na Favela do Cantão o caldo engrossou pra tropa de choque, convicto o Prefeito acreditava que derrubaria os barracos e o Centro Cultural Palmares sem preocupações, o lugar tinha uma boa localização, era em uma área tranquila da cidade no final da Rua Três Flores.

O prefeito arquitetara em sua cabeça os dólares, pois construiria ali um belo condomínio com shopping, clube aquático e um mundinho virtual para os filhos e suas futuras gerações. No entanto, um insolente negrinho em cima de sua casa avistou a tropa de choque, sendo o primeiro a defender o seu espaço, sabia da ação dos policiais e não esperou atuarem, atirou o pedregulho e acendeu o rojão alertando a quebradinha, quando a pedra acertou o policial, os moradores já tinham em suas mãos paus e pedras, o tumulto se alastrou pelos becos e vielas, protegeram com unhas e dentes o Centro Cultural Palmares e suas moradias.

O fato despertou a atenção da mídia, com isso conseguiram segurar a moradia por mais um tempo na Favela do Cantão, atracaram o barco de notas do Prefeito seu plano fora por água abaixo, enquanto isso na comunidade leve sonhos percorriam o semblante dos moradores e para esfriar a cabeça e esquentar o coração noite enluarada e os poemas passeando suave nos lábios carnudos do pessoal.

O Prefeito na reunião tragava o cigarro nervosamente, as cinzas, depois a brasa e depois a nicotina de seu fumo era como ele próprio, uma face avermelhada, um par de olhos cinzentos, o suor escorria pela testa, limpou o rosto com a costa de sua mão, olhou de relance para a palma, percorreu pelos seus braços um calafrio, o traço que riscava seu futuro não lhe mostrava um bom destino, seu paletó ensopado de susto, suas barriga por baixo de sua camisa branca transpirava medo. O Secretário de Segurança tentou acalmá-lo:

– Senhor a situação não está tão ruim, o helicóptero do deputado apreendido que nos endereçava agora vem como preço de banana, os 445 kg está chegando pra gente sem preocupações, apreendemos centenas de jornais clandestinos que inspiravam revoltas nos guetos e mais aquele jovem, o tal do Diego, foi preso e a professora Malika já está fora de circulação.

O Secretário de Segurança comunicava os últimos acontecimentos esfriando a quentura da cúpula, a reunião acontecia no fundo de um galpão, o recinto servia como casa há dois dias para o Prefeito, o Secretário e o Empresário, que não arredavam o pé dali, lugar seguro e cedido pelo Coronel. O plano não podia vazar, então, escolheram uma sala com paredes mais rochosas. Caso a conversa escorressem para o ouvido público, tudo iria pos água abaixo, suas imagens seriam seriamente manchadas. O Empresário arriscou um sorriso excitado com as notícias do Secretário de Segurança.

Em uma sala ao lado que servia como compartimento de comunicação, o Tenente tentava se comunicar com a viatura 734 QP:

– Soldado Soares na escuta? Responda! 

Sem sucesso.

 

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