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Livros sobre negritude e infância para inspirar crianças negras

Confira dez obras que tratam do universo lúdico infantil e a temática racial para o público infantil; Ilustrações ajudam a formar o modo como os pequenos entendem o mundo

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Editora Telha/Divulgação

A personagem Tâmara, do livro Tâmara e Tamarindo na Terra das Coisas e das Pessoas Doces, lançado recentemente pela Editor Telha.

12 de outubro de 2021

O escritor André Lúcio Bento criou os personagens Tâmara e Tamarindo, em 2016, para uma história de contos de fadas para as crianças. Com o passar do tempo as ideias mudaram o enredo e o livro foi publicado agora em setembro de 2021, com o título “Tâmara e Tamarindo – Na Terra das Coisas e das Pessoas Doces”, pela editora Telha, com ilustrações da artista Bruna Hermínio.

“Eu queria uma alegoria que tratasse da diversidade. É um livro sobre as misturas da vida. A homogeneidade é uma ilusão ruim e traiçoeira que nos faz pensar que todos devem ser do mesmo jeito e o pior: passamos essa mensagem para as crianças. Eu quis oferecer uma grande metáfora, com linguagem simples, sem muitas piruetas, para contribuir com o debate em torno das pluralidades. Além disso, escolhi dois personagens negros como protagonistas”, conta o autor.

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A negritude da obra e dos personagens abre novos campos de abordagem e aprimoramento da linguagem infantil, assim como o entendimento do conceito de mundo para as crianças. “Tâmara e Tamarindo são negros porque são constituídos, na imaginação literária, de frutas de cor escura. Além disso, tâmara e tamarindo são frutos de árvores africanas. Isso não está explicitado no livro, porque eu não poderia cair na tentação dos didatismos, mas são questões de fundo muito importantes para todas as alusões que eu quis fazer ao povo negro, ainda tão pouco representado na literatura. Ou representado de forma estereotipada”, explica Bento.

Outro obra que tem a negritude como fonte de força e inspiração para as crianças é o livro “As Brincadeiras Africanas de Weza”, escrito pela pedagoga Sheila Perina de Souza e o coletivo Luderê Afro Lúdico, lançado este ano pela editora Kitembo.

Sheila deu aula para crianças em idade de alfabetização no Brasil, em Angola e Moçambique, ambos países africanos. Com essa experiência, ela criou a personagem que apresenta as brincadeiras, histórias e curiosidades desses países e também da República Democrática do Congo, de onde vem, por exemplo, o Nzango, um jogo divertido onde duas equipes fazem uma disputa de movimentos usando os pés. Em ligala, uma das línguas faladas no Congo, Nzango quer dizer ‘jogo dos pés’.

As ilustrações são muito importantes para os livros infantis porque elas constroem os cenários das narrativas, alguns desses conceitos acompanham a criança por toda a vida.

“Arte no Brasil ainda vai percorrer um caminho considerável rumo a projeções mais democráticas. Temos, sim, uma ditadura de representações. Quase sempre, tudo o que é bom e positivo é branco ou assume tons claros. O escuro representa coisas negativas e ruins. Os vilões e as bruxas quase sempre se vestem de preto ou de cores extremamente escuras, porque o mal é associado a essas cores, muito em razão dos paradigmas culturais e religiosos da hegemonia colonial”, pondera Bento.

Confira a lista de livros para inspirar as crianças:

1. “Tâmara e Tamarindo – Na Terra das Coisas e das Pessoas Doces” (André Lúcio Bento com ilustrações da Bruna Hermínio)

Sinopse: Os tachos de doce fazem doces, contam histórias e criam coisas mágicas. A Terra das Coisas e das Pessoas Doces nasceu das mexidas de uma colher de pau num tacho de doce. Alguns dizem que isso foi há muito tempo. Alguns dizem que isso nunca foi.

Disponível aqui.

2. “As Brincadeiras Africanas de Weza” (Sheila Perina de Souza e Coletivo Luderê Afro Lúdico com ilustrações de Whitney Machado)

Sinopse:  Weza é uma menina brasileira, linda e reluzente, ela é aquela que voltou para a África e brincou. Em suas aventuras por Angola, Moçambique, África do Sul e República Democrárica do Gongo, países do continente africano. Weza descobriu brincadeiras, línguas, tradições e fez muitas amizades.

Disponível aqui.

3. “Meu Crespo é de Rainha” (bell hooks com ilustração de chris raschka)

Sinopse: Publicado originalmente em 1999 em forma de poema rimado e ilustrado, esta delicada obra chega ao país pelo selo Boitatá, apresentando às meninas brasileiras diferentes penteados e cortes de cabelo de forma positiva, alegre e elogiosa. Um livro para ser lido em voz alta, indicado para crianças a partir de três anos de idade – e também mães, irmãs, tias e avós – se orgulharem de quem são e de seu cabelo ‘macio como algodão’ e ‘gostoso de brincar’. Hoje em dia, é sabido que incontáveis mulheres, incluindo meninas muito novas, sofrem tentando se encaixar em padrões inalcançáveis de beleza, de problemas que podem incluir desde questões de insegurança e baixa autoestima até distúrbios mais sérios, como anorexia, depressão e mesmo tentativas de mutilação ou suicídio. Para as garotas negras, o peso pode ser ainda maior pela falta de representatividade na mídia e na cultura popular e pelo excesso de referências eurocêntricas, de pele clara e cabelos lisos. Nesse sentido, Meu crespo é de rainha é um livro que enaltece a beleza dos fenótipos negros, exaltando penteados e texturas afro, serve de referência à garota que se vê ali representada e admirada.

Disponível aqui.

4. “O Black Power de Akin” (Kiusam de Oliveira com ilustração de Rodrigo Andrade)

Sinopse: A tristeza invadiu o coração de Akin, jovem negro de 12 anos, que cobre a cabeça com um boné ao ir para a escola. Ao seu avô, Dito Pereira, ele não conta que tem vergonha do seu cabelo, motivo de chacota dos colegas. Antes que Akin tome uma atitude brusca, o sábio avô, com a força das histórias da ancestralidade, leva o neto a recuperar a autoestima. Agora confiante, Akin ergue seu cabelo black power e se sente um príncipe. Além do prefácio assinado pelo rapper Emicida, O black power de Akin tem projeto gráfico e ilustrações que incorporam referências da ancestralidade em linguagem contemporânea de arte digital, criados pelo designer Rodrigo Andrade.

Disponível aqui.

5. “A vida não me assusta” ( Maya Angelou com ilustração de Jean-Michel Basquiat)

Sinopse: Você tem medo de quê? Cachorros bravos, cobras, sapos, dragões soltando fogo? A VIDA NÃO ME ASSUSTA é um pequeno livro de arte para crianças valentes, que enfrentam fantasmas e meninos brigões da escola com a cabeça erguida. Mas se você é daqueles que têm medo até da própria sombra, fique esperto. A VIDA NÃO ME ASSUSTA pode muito bem ser a inspiração que faltava para você trazer à tona toda a sua coragem.

Publicado originalmente há 25 anos, e até então inédito no Brasil, A VIDA NÃO ME ASSUSTA reúne os talentos da poeta e ativista Maya Angelou e do artista gráfico Jean-Michel Basquiat. Dois artistas com histórias de vida sofridas e infâncias problemáticas, mas que nunca se deixaram intimidar. Não importa qual obstáculo apareça no caminho, você sempre pode encontrar forças para superá-lo. Então, nada de medo, combinado?

Disponível aqui.

6. “O Pequeno Príncipe Preto” ( Rodrigo França com ilustração de Juliana Barbosa)

Sinopse: Em um minúsculo planeta, vive o Pequeno Príncipe Preto. Além dele, existe apenas uma árvore Baobá, sua única companheira. Quando chegam as ventanias, o menino viaja por diferentes planetas, espalhando o amor e a empatia. O texto é originalmente uma peça infantil que já rodou o país inteiro. Agora, Rodrigo França traz essa delicada história no formato de conto, presenteando o jovem leitor com uma narrativa que fala da importância de valorizarmos quem somos e de onde viemos – além de nos mostrar a força de termos laços de carinho e afeto. Afinal, como diz o Pequeno Príncipe Preto, juntos e juntas todos ganhamos.

Disponível aqui.

7. “Amoras” (Emicida com ilustração de Aldo Fabrini)

Sinopse: Na música “Amoras”, Emicida canta: “Que a doçura das frutinhas sabor acalanto/ Fez a criança sozinha alcançar a conclusão/ Papai que bom, porque eu sou pretinha também”. E é a partir desse rap que um dos artistas brasileiros mais influentes da atualidade cria seu primeiro livro infantil e mostra, através de seu texto e das ilustrações de Aldo Fabrini, a importância de nos reconhecermos no mundo e nos orgulharmos de quem somos — desde criança e para sempre.

Disponível aqui.

8. O mundo no black power de Tayó (Kiusam de Oliveira com ilustração da Taisa Borges)

Sinopse: Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. A autora apresenta uma personagem cheia de autoestima, capaz de enfrentar as agressões dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é “ruim”. Mas como pode ser ruim um cabelo “fofo, lindo e cheiroso”? “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”, responde a garota para os colegas. Com essa narrativa, a autora transforma o enorme cabelo crespo de Tayó numa metáfora para a riqueza cultural de um povo e para a riqueza da imaginação de uma menina sadia.

Disponível aqui.

9. “Princesas Negras” (Edileuza Penha de Souza e Ariane Celestino Meireles com ilustração de Juba Rodrigues)

Sinopse: Elas estão nas escolas, nas universidades e em diversos postos de trabalho. As princesas negras são inteligentes, lutadoras, espertas e aprendem muito com suas mães e avós. São especiais, com seus cabelos crespos e sua ancestralidade. Descubra mais sobre as princesas negras no livro de Edileuza Penha de Souza e Ariane Celestino Meireles. Quem sabe você não convive com uma, ou é uma delas?​

Disponível aqui.

10. “Menina Negras” (Madu Costa com ilustração de Rubem Filho)

Sinopse: Griot é o contador de histórias africano que passa a tradição dos antepassados de geração em geração. O objetivo da Coleção Griot Mirim, que tem entre seus títulos “Meninas negras”, é trabalhar a identidade afrodescendente na imaginação infantil. E é justamente à imaginação que esses livros falam a partir de uma composição sensível, de textos curtos e poéticos, associados a belas ilustrações. Modo lúdico de reforçar a autoestima da criança a partir da valorização de seus antepassados, de sua cultura e de sua cor.

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