A filósofa Sueli Carneiro, uma das figuras mais relevantes no ativismo e nos estudos raciais no Brasil, explorou o conceito de epistemicídio em sua tese de doutorado “A construção do Outro como Não-ser como fundamento do Ser” (2005). O estudo contribuiu para discussões essenciais sobre os conceitos de racismo estrutural, sexismo e marginalização.
Através da produção acadêmica, Carneiro desafiou as barreiras do epistemicídio, desempenhando um papel significativo na desconstrução de visões estereotipadas sobre o conhecimento produzido pela comunidade negra.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Diante desse cenário, nos dias 21, 22 e 23 de novembro, às 19h, o curso on-line “Diálogos com Sueli Carneiro: epistemicídio na arte, na história e na política”, promovido pelo Núcleo de Estudos Yabás, pretende discutir práticas antirracistas na produção de conhecimento a partir do pensamento proposto pela ativista. As inscrições vão até 20 de novembro.
Apesar da formação ter como público-alvo profissionais da educação, estudantes das licenciaturas e pessoas negras, a pesquisadora Maira Mantovani, que também atua como coordenadora na Uneafro Brasil, ressaltou a importância da participação de todos para “desmistificar um pouco a filosofia e o movimento negro“.
“[Nas aulas] a gente democratiza esses saberes que parecem ser temas muito complexos, mas abordamos de uma forma bem dinâmica e acessível, em uma linguagem popular, um tema que costuma ser entendido como uma intelectualidade muito à parte da nossa sociedade e das nossas práticas”, explica em entrevista à Alma Preta.
No documentário “Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas”, produzido pela Alma Preta, a psicóloga e pesquisadora Cida Bento e o escritor e ativista Daniel Munduruku também falam sobre a necessidade de compreender o papel dos povos negros e indígenas na produção científica do Brasil, criticando a falta de diversidade na academia.
Para Mantovani, que também é uma das idealizadoras do núcleo, o curso é, também, uma forma de “democratizar esses saberes que acabam ficando” na universidade. “Então é legal fazer essa ponte entre a academia e essas pessoas que estão vivendo o cotidiano combatendo o racismo no dia a dia, professores e professoras, militantes do movimento negro”, pontua.
As inscrições devem ser feitas através do e-mail: [email protected]. O investimento para o público amplo no valor de R$ 85 será utilizado para a realização dos trabalhos do núcleo de estudos. Pessoas negras e estudantes de graduação e pós-graduação pagam meia entrada. Para garantir uma vaga social, basta sinalizar no corpo do e-mail.