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Colecionador de medalhas, Gabrielzinho protagoniza espetáculo nas Paralimpíadas

Carismático, o showman vem demonstrando sua alegria com uma dancinha, típica de um verdadeiro ídolo, o que atrai o crescente apoio da torcida brasileira
Imagem mostra Gabrielzinho, nadador, em prova nas Paralimpíadas

Foto: CPB

3 de setembro de 2024

Em mais um espetáculo aquático, Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, fez tocar pela terceira vez em Paris o Hino Nacional Brasileiro na segunda-feira (2), quando conquistou sua terceira medalha de ouro, desta vez nos 200m costas da classe S2 (deficiência física severa), nos Jogos Paralímpicos, no tempo de 3min58s92, novo recorde das Américas. Nesta mesma edição, o atleta mineiro já havia mordido os ouros nos 50m costas e nos 100m costas.

“Agora é três de três, missão cumprida! Foi uma prova sensacional, total estratégia, essa pode colocar na conta do coach [Fábio Antunes], eu ter conseguido fazer esse tempo, minha melhor marca e recorde das Américas foi mérito total dele”, vibrou o atleta, ao sair da piscina da Arena La Defense.

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Gabrielzinho vem sendo o maior destaque masculino na delegação brasileira paralímpica em Paris. Ele iniciou sua participação com o título da prova dos 100m costas da classe S2, quebrando o recorde das Américas com 1min53s67. Logo depois, ainda no nado costas, obteve o primeiro lugar nos 50m costas, com outra melhor marca continental, a de 50s93. Além disso, nos 150m medley contra atletas de uma categoria acima (ou seja, com deficiências menos severas que a dele) e fez história ao bater o recorde mundial da classe S2 duas vezes no mesmo dia. Na prova, porém, terminou em quarto.

Em excelente fase, ele vem comemorando não apenas as medalhas, mas o ato de, como diz, estar “amassando” as provas, com desempenhos espetaculaes.

“Não sei se tem como falar outra coisa, eu amassei, mas vou falar, amassei de novo, não tenho o que dizer, foi uma prova fantástica, sensacional, de manhã já tinha sido bom, e eu sabia o que tinha que fazer para acertar e melhorar mais ainda, só que foi um tempo que chama muita atenção, chama muita atenção, foi muito bom, e eu acho que eu não estou nadando, não, eu estou voando, estou flutuando na água”, comentou Gabrielzinho.

Carismático, o showman vem demonstrando sua alegria com uma dancinha, típica de um verdadeiro ídolo, o que atrai o crescente apoio da torcida brasileira.

“Eu fico muito feliz, até porque eu acredito que todo esse carinho que eles têm por mim é por algo muito mais importante do que dentro da água”, declarou, antes de prosseguir: “ Até mesmo antes de eu chegar na água, já sou ovacionado, então é algo que para mim é muito mais importante pelo meu jeito de ser, de conquistar todo mundo, pelo meu sorriso, pela minha alegria, e isso vale mais que qualquer medalha de ouro para mim”.

Gabrielzinho é um autêntico colecionador de medalhas paralímpicas, com seis, sendo cinco de ouro e uma de prata, todas na classe S2. Em Tóquio-2020, ganhou os ouros nos 200m livre e nos 50m costas, além da prata nos 100m costas. Em Paris, subiu ao topo do pódio nos 200m livre, 100m costas e 50m costas.

Nascido em Santa Luzia, Minas Gerais, em 16 de março de 2002, e educado em Corinto e radicado em Juiz de Fora, no mesmo estado, Gabriel Geraldo dos Santos Araújo, o Gabrielzinho, tem focomelia, uma enfermidade congênita que impede a formação normal de braços e pernas. O aleta tem pernas atrofiadas, mas nasceu sem os braços. Conheceu o esporte paralímpico por meio de Aguilar Freitas, um professor de Educação Física da escola onde estudava, nos Jogos Escolares de Minas Gerais, os JEMG. Na ocasião, o professor Aguilar o inscreveu, sem que ele e sua família soubessem, em uma competição. As provas, o futuro atleta tanhou ouros e desde então, não parou mais de nadar.

A primeira grande competição internacional de Gabrielzinho foram os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, de onde regressou com dois ouros, uma prata e dois bronzes. Atleta do Praia Clube, de Juiz de Fora, ele é também um apaixonado por futebol e torcedor do Cruzeiro.

Esta segunda-feira foi marcada não só pelo brilho de Gabrielzinho, mas também pelo da pernambucana Carolina Santiago. Ela se tornou a mulher brasileira com mais ouros na história dos Jogos ao vencer os 50m livre na classe S13 (atletas com deficiência visual menos severas que a dela, a S12). Foi seu segundo ouro em Paris-2024, após os 100m costas na classe S12. Ao todo, ela tem cinco ouros paalimpicos, quebrando o recorde da velocista Ádria dos Santos, com quatro, até então a maior dona de ouros paralimpicos do Brasil.

“Essa é minha prova paralímpica, e a gente estava bem preparada. Ainda bem, porque eu fiquei muito nervosa antes de entrar aqui. Eu só queria fazer minha melhor natação, e acho que poucas vezes nadei tão bem assim”, afirmou Carol.

Ao todo, nesta segunda-feira, o Brasil conquistou 11 medalhas, sendo quatro ouros, quatro pratas e três bronzes. Os dois ouros ouros foram obtidos no atletismo, com Beth Gomes, bicampeã paralímpica no lançamento de disco da classe F53 (competem sentados) e que também havia ficado com a prata no arremesso de peso. O outro ouro do Brasil no atletismo foi de Claudiney Batista, agora tricampeão paralímpico no lançamento de disco da classe F56 (competem sentados).

Até a noite de 2 de setembro o Brasil era o quarto no quadro de medalhas, com 12 ouros, oito pratas e 18 bronzes, num total de 38 premiações. Em primeiro, está a China, com 43 ouros, 30 pratas e 14 bronzes (87 ao todo), seguida pela Grã-Bretanha, com 29 ouros, 15 pratas e 10 bronzes (54) e Estados Unidos, com 13 ouros, 19 pratas e dez bronzes (42).

  • Cláudio Nogueira

    Claudio Nogueira, de 59 anos, é jornalista desde 1986, tendo trabalhado no Jornalismo Esportivo desde 1993. Cobriu as Olimpíadas de 2004, 2008, 2012 e 2016, as Paralimpíadas de 2016, a Copa do Mundo de 2014, dois Mundiais de Basquete, cinco edições dos Jogos Pan-Americanos e vários GPs de F-1, F-Indy e Motovelocidade. Autor de diversos livros, como Futebol Brasil Memória, Os Dez Mais do Vasco, Dez Toques sobre Jornalismo e Esporte – Usina de sonhos e de bilhões.

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