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Bolsonaro ou Lula: Políticas sociais e crise da pandemia influenciam intenção de voto dos negros

Pesquisa mostra ex-presidente Lula muito à frente de Bolsonaro, mesmo sem sequer ter anunciado candidatura; especialistas relembram governo petista e falam sobre escassez de políticas raciais no atual governo

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Reprodução

Imagem mostra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, em uma montagem.

19 de maio de 2021

Na intenção de voto para a eleição presidencial de 2022, o ex-presidente Lula  tem 40% dos votos dos eleitores pardos e 53% das intenções de voto dos pretos, mesmo sem ter anunciado sequer uma candidatura. O atual presidente Jair Bolsonaro tem 25% e 14%, respectivamente, entre os pardos e pretos. Os dados são da pesquisa do Instituto Datafolha, realizada entre os dias 11 e 12 de maio.

As diferenças são bem maiores do que na intenção de votos dos eleitores brancos, grupo populacional onde o ex-presidente também é favorito em 32% contra 27% de Bolsonaro, mas com uma pequena diferença, se considerada a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos.

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A vantagem do ex-presidente Lula, que governou o país entre 2003 e 2011, entre eleitores negros (autodeclarados pardos e negros) pode ter relação com a lembrança que essa população tem dos programas sociais e da política econômica inclusiva, que marcaram o governo petista na comparação com o cenário de crise e impactos da pandemia do Covid-19.

“O governo Lula foi o que mais ampliou políticas sociais, afirmativas e de assistência social que atingem diretamente esse público. Além disso, o período de pandemia, com redução de políticas assistenciais, pode levar o público em questão a pensar que se fosse o candidato que investe em política social, o auxílio emergencial seria uma constante durante a crise”, avalia Juliana Silva, cientista política negra.

No governo Bolsonaro a principal política existente para a população negra é o Sinapir (Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial), que visa a implantação de serviços e políticas para superar as desigualdades étnicas no país. Para o secretário nacional Paulo Roberto, o sistema é “uma ferramenta importantíssima na promoção da igualdade para povos e comunidades tradicionais em todo o país”.

No entanto, o Sinapir tem adesão de 91 cidades, cerca de 1,63% das 5.568 cidades do Brasil. Em 13 de abril a ministra Damares Alves, da pasta da Família, Mulher e Direitos Humanos fez um vídeo institucional para a campanha de incentivo à adesão ao Sinapir. Mais de um mês depois, o vídeo da ministra, disponível no YouTube, teve apenas 229 visualizações.

Rejeição 

Entre os eleitores pardos, a rejeição de Jair Bolsonaro é de 54%. Entre os pretos, sobe para 62% de rejeição. O atual presidente tem rejeição de 50% dos eleitores brancos.  Lula é menos rejeitado e segue uma escalada inversa na análise do critério raça e cor: pretos, 26% de rejeição; pardos 35% de rejeição; e brancos, 45%.

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“O Bolsonaro não tem o voto dos negros porque ele não representa em nenhum aspecto as demandas da população negra. O povo preto não quer raiva e nem rancor do fascismo. Os negros tiveram que romper barreiras sozinhos, sem a ajuda do Estado”,  considera o advogado Jesus Valentini, professor de Direito administrativo e Constitucional em Brasília.

Para a pesquisa sobre as intenções de votos para as eleições presidenciais do próximo ano, o Datafolha ouviu 2.071 eleitores em 146 cidades. O perfil de raça e cor foi de 40% pardos, 35% brancos, 15% pretos e 10% outros, amarelos e indígenas.

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