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Candidatos negros a vereadores esperam ser eleitos para aumentar diversidade nas câmaras

15 de novembro de 2020

Eles têm trajetória em movimentos sociais e aguardam resultado das eleições com expectativa de mudar panorama das casas municipais

Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução

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As eleições municipais de 2020 registraram o maior número de candidatos negros, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Juntos, pretos e pardos representam 49,94% das candidaturas, o que corresponde a 276.091 registros.  Em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, pleiteantes à Câmara dos Vereadores provenientes do movimento negro pretendem fazer história e tornar essas casas espaços mais diversos e com discussões sobre pautas que atendam a população negra, maioria nessas cidades.

Em São Paulo, Elaine Mineiro, que concorre em um mandato coletivo chamado Quilombo Periférico (PSOL), ressaltou que este domingo (15) seria preto, periférico e popular. Para a candidata à vereadora, há um desafio histórico de transformar um ano de sofrimento em um ano de vitória nas urnas. “Eleger o Quilombo Periférico é compreender que, se o racismo atravessa todos os problemas dos nossos tempos, é preciso estar ao lado dos movimentos negros e periféricos para transformar de verdade. O Quilombo é isso, é mais do que trajetórias individuais. É esperança coletiva, é a crença que nossas lideranças são plantadas e cultivadas todos os dias nas periferias, nos terreiros, nos sambas e nas ocupações”, escreveu nas redes sociais.

A co-deputada Erika Hilton (PSOL) também busca uma vaga na Câmara Municipal da capital paulista. Crítica aos mandatos coletivos, ela tenta se eleger como a primeira vereadora trans e negra da  cidade. “Independente do resultado das urnas, já sou uma mulher preta trans vitoriosa por conseguir reunir tantos intelectuais, artistas, trazer de novo o ânimo para as pessoas acreditarem que é possível se utilizar da política tradicional para fazer uma política de vida, de amor, de equidadade. Política para nós e por nós “, afirmou, em entrevista ao Alma Preta.

Erika reforça que se sente vitoriosa e que espera agora o resultado para saber se será eleita. “Pautamos a causa negra, travesti no centro da discussão. Isso é muito importante. Eu só tenho a agradecer. Axé para nós. A minha vitória é a vitória de muitas lutas”, complementou.

Já Carmen Silva (PT) disse nas redes sociais que esse domingo é um dia importante não só pra ela, mas para todo o país. “É o dia que o sonho e a esperança se tornarão realidade. Nossa campanha foi linda, cheia de aprendizado, de troca. Aprendi muito, cresci e me fortaleci. A escuta faz a gente conhecer o que está fora da nossa realidade”, considerou.

Ativista dos movimentos por moradia e mãe da cantora Preta Ferreira, Carmen diz que quer estar na Câmara para representar toda a população. De acordo com a candidata,  andando por São Paulo ouviu diversas histórias, conheceu dificuldades e esbarrou em sonhos. “Estou pronta para representar a população de São Paulo dentro da Câmara de Vereadores. Minha luta não é de agora, já passei muito perrengue, já morei na rua, já fui separada dos meus filhos. E assim como eu muitas mulheres também viveram ou ainda vivem a mesma coisa. Pra gente lutar nunca foi uma opção, era uma questão de sobrevivência”, reitera.

Rio de Janeiro

No Rio, Thais Ferreira (PSOL), ativista social e define-se como “preta, periférica, mãe, e artista“, fez uma live surpresa no Viaduto de Madureira, na zona norte da cidade, na noite de sábado (14) para agradecer aos apoiadores de sua campanha. Thais destacou ainda que entre suas propostas, caso seja eleita vereadora, está a criação de mais Casas de Parto, com base na Lei no 6.282/2017, garantindo acesso às mulheres de todas as regiões da cidade.

O candidato a vereador em Duque de Caxias (RJ) Wesely Teixeira (PSOL) lembrou um trecho de música afirmando que “um novo dia vai raiar”. “Obrigado a quem acreditou, quem somou, divulgou, brigou e resistiu! Cada um que participou dessa campanha, essa vitória é nossa! E não será por acidente”, ressaltou.

Salvador

Na capital baiana, Ângela Guimarães (PCdoB), professora e ativista do movimento negro, que é candidata à vereadora pelo Coletivo Vozes da Cidade, ressaltou nas redes sociais:  “Vamos mudar a nossa cidade com o poder do nosso voto!”.

O vereador Silvio Humberto (PSB), que é um dos poucos a representar as pautas do movimento negro na Câmara de Salvador, tenta a reeleição, pediu votos por uma cidade com igualdade e disse “Ufa! Chegou a reta final para para juntos e juntas fazermos valer cada gota de energia que colocamos durante a nossa caminhada. Conto com cada um de vocês para fazermos Palmares de novo”, pontuou.

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