A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo nesta segunda-feira (18) para que os delegados da COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, avancem nas negociações sobre o financiamento da luta contra as mudanças climáticas.
“Vamos parar de fazer teatro e ir direto ao assunto”, afirmou Simon Stiell, secretário-executivo do órgão climático da ONU, ao criticar a falta de progresso na primeira semana da conferência, que termina na sexta-feira (22).
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Os ministros do Meio Ambiente chegaram à capital com a tarefa de acelerar as discussões, em meio a um cenário marcado por tensões diplomáticas e inexperiência da presidência do Azerbaijão, evidenciada por falhas na agenda do evento e ataques públicos do presidente Ilham Aliyev à França, segundo a Agence France-Presse.
Simultaneamente, a cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, é vista como uma oportunidade para impulsionar os compromissos climáticos. Em sua chegada ao Brasil, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou o pedido para que os líderes do bloco assumam “compromissos concretos” que possam salvar a COP29.
Impasse financeiro
O principal objetivo da conferência é definir como viabilizar a estimativa de um trilhão de dólares anuais (cerca de R$ 5,79 trilhões) para apoiar países em desenvolvimento na transição energética, construção de infraestrutura resiliente e proteção contra desastres climáticos.
Apesar da urgência, os debates estão travados pela falta de consenso sobre quem deve financiar essa ajuda. A União Europeia (UE), maior contribuinte global, defende que países emergentes, como China e Índia, assumam parte da responsabilidade, especialmente diante de suas crescentes emissões e economias em expansão.
“Continuaremos liderando, mas a riqueza cria uma responsabilidade que deve ser compartilhada. Outros países precisam contribuir”, afirmou Wopke Hoekstra, representante da UE. Pequim, embora aberta ao diálogo, ainda não formalizou compromissos financeiros.
Tensões além do financiamento
Além do impasse financeiro, discussões sobre o abandono gradual de energias fósseis também estão paralisadas. Países liderados pelo grupo árabe, que inclui China e Índia, exigem avanços concretos na questão do financiamento antes de assumirem novos compromissos de redução de emissões.
O cenário já delicado foi agravado pela retirada da delegação argentina e pela eleição de Donald Trump nos EUA, o que reacendeu temores sobre possíveis retrocessos no Acordo de Paris.
A repressão a ativistas ambientais no Azerbaijão, país anfitrião, também trouxe críticas internacionais. Muitos ambientalistas locais permanecem detidos, evidenciando o contexto de restrição à dissidência.
Com a segunda metade da COP29 em andamento, o presidente da conferência, Mukhtar Babayev, alertou que os próximos dias serão decisivos: “Estamos em um momento crítico, e as verdadeiras dificuldades começam agora”.
Texto com informações da Agence France-Presse.