O Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024), divulgado na quarta-feira (24), revela uma significativa redução da insegurança alimentar severa no Brasil. Em 2023, a insegurança alimentar severa no país caiu 85%, com 14,7 milhões de brasileiros deixando de enfrentar a fome extrema. A proporção da população afetada reduziu de 8% para 1,2%, uma diminuição expressiva dos 17,2 milhões registrados em 2022 para 2,5 milhões.
A insegurança alimentar severa, conforme definida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), caracteriza-se pela falta absoluta de acesso a alimentos, levando as pessoas a passarem um ou mais dias sem comer. Este tipo de insegurança tem efeitos graves sobre a saúde física e mental, especialmente na infância.
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O relatório também destaca que a insegurança alimentar severa no Brasil caiu de 8,5% no triênio 2020-2022 para 6,6% no período 2021-2023, representando uma redução de 18,3 milhões para 14,3 milhões de brasileiros afetados. Apesar desses avanços, a análise trienal do indicador não reflete completamente o impacto positivo de 2023, já que ainda considera dados de anos anteriores.
Historicamente, o Brasil havia saído do “Mapa da Fome” em 2014, mas retornou entre 2019 e 2022 devido a uma tendência crescente de pobreza e insegurança alimentar intensificada, principalmente, pela pandemia da Covid-19. A recente melhoria sugere um avanço importante na luta contra a fome no país.
Situação global
O relatório SOFI 2024, produzido pela FAO, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), UNICEF, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e Organização Mundial de Saúde (OMS), indica que a situação global continua preocupante. Em 2023, cerca de 733 milhões de pessoas, ou mais de 9% da população mundial, enfrentaram fome, com a África registrando a maior porcentagem de sua população afetada (20,4%). Na América Latina e no Caribe, 41 milhões de pessoas passaram fome, representando 6,2% da população da região.
A meta da ONU de erradicar a fome no mundo até 2030 enfrenta desafios crescentes. Mais de um terço da população global não tem acesso a uma dieta saudável, e a estimativa de custo para erradicar a fome até 2030 varia entre 176 bilhões e 3,9 trilhões de dólares. A dificuldade de alcançar essa meta é agravada por conflitos, crises econômicas e fenômenos climáticos extremos.
Lula pede mobilização do mundo contra fome
Durante o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no Rio de Janeiro o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma mobilização global para enfrentar a fome. “A fome é a mais degradante das privações humanas, é um atentado à vida”, afirmou Lula, destacando que é “absurda e inaceitável” a persistência da fome e da pobreza, em pleno século XXI.
A nova aliança, que será oficialmente lançada em novembro, buscará recursos financeiros e replicará iniciativas locais bem-sucedidas, sendo uma prioridade da presidência brasileira do G20, cuja reunião de ministros das Finanças ocorrerá esta semana no Rio de Janeiro.