A vereadora Luana Alves (Psol) comemorou a decisão inédita da Câmara Municipal de São Paulo de cassar o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por racismo. Luana foi a representante da acusação contra o parlamentar, que é o primeiro político a ser cassado por racismo no Brasil.
“É uma decisão histórica aqui da Câmara de São Paulo, que reflete a força dos movimentos negros e da pressão popular, que não aceita que um vereador, um político, um representante do povo, possa ter livremente uma fala racista. É histórico porque o que a gente sabe, o padrão, é que quem está em posição de poder consiga falar, desrespeitar e saia impune, o que não aconteceu dessa vez”, declarou Luana Alves, à Alma Preta, após a votação na Câmara.
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Cristófaro teve o mandato cassado com o voto de 47 dos 55 vereadores que compõem o parlamento paulistano. A sessão ocorreu na terça-feira (19), com cinco abstenções e nenhum voto a favor do político. Com a decisão, o vereador ficará inelegível por oito anos, a partir de dezembro de 2024, quando a legislatura se encerra.
Entenda o caso
Em maio do ano passado, foi vazado um áudio de Camilo Cristófaro em que era possível ouví-lo dizer durante uma sessão na Câmara que “não lavar a calçada […] é coisa de preto”.
A Corregedoria da Câmara abriu uma investigação para apurar o caso. A vereadora Luana Alves acusou Cristófaro de quebra de decoro parlamentar. O caso gerou manifestações em frente à Câmara, entre outras mobilizações dos mandatos progressistas e de movimentos sociais pela cassação do mandato.
“Agora eu pergunto para os senhores. Falar a seguinte frase: ‘não lavar a calçada não é coisa de preto’, é brincadeira? É piada? O que ‘coisa de preto’ significa? Alguém explica o que está contido nessa piada? Vou dizer para os senhores o que ‘coisa de preto’ significa. É uma piada que trabalha com elemento narrativo de estereótipo de que pessoas negras fazem coisas erradas, de que pessoas negras fazem coisas mal feitas, de que as pessoas negras não seriam competentes de ocupar espaços de intelectualidade, de poder”, denunciou Luana Alves em tribuna.