Mais de 34% dos moradores da capital paulista se autodeclaram negros; conheça o que os planos de governo de Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) preveem para esse grupo
Texto: Roberta Camargo | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
São Paulo terá segundo turno para decidir seu futuro prefeito. A disputa acontece entre Bruno Covas (PSDB), que obteve 32,85% dos votos, e Guilherme Boulos (PSOL), com 20,24%.
Na maior cidade do país, a população negra – preta e parda – representa cerca de 34% da população, de acordo com a estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dentro das propostas de governo de cada um dos dois candidatos, a pauta racial está presente.
No caso de Covas, a questão é abordada a partir do programa “SP Para Todos”. No plano de governo do candidato, que assumiu a gestão da cidade após a saída de João Doria, em 2018, o programa é apresentado como parte de uma série de ações de inclusão social, de defesa dos direitos humanos, das minorias, das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
O tucano cita ainda a acolhida aos imigrantes, o respeito à diversidade e à igualdade de gênero, o combate ao racismo e a todas as formas de preconceitos e discriminação, os direitos e as pautas das mulheres, com ações firmes de enfrentamento à violência doméstica, o cuidado especial com os idosos e as políticas públicas desenhadas para a população de rua.
Com um espaço maior dentro do plano de governo, Boulos apresenta uma lista extensa de planos para combater o racismo institucional e que já faz parte da estrutura da maior cidade da América Latina. Entre as medidas, estão a construção de um Fundo Municipal de Políticas de Combate ao Racismo com um percentual fixo do orçamento municipal, prioridades definidas pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (já existente) e gerenciado pela Secretaria de Igualdade Racial a ser reconstituída.
O candidato do PSOL também traz em sua proposta o compromisso com os processos de demarcação de terras indígenas no município e o cumprimento da lei municipal 15.939, de 2013, que dispõe sobre o “estabelecimento de cotas raciais para o ingresso de negros e negras no serviço público municipal em cargos efetivos e comissionados”.
Ainda sobre os povos originários, Boulos propõe atenção especial à saúde da população negra e indígena em suas especificidades e um programa de formação de profissionais da rede municipal de educação para o respeito à diversidade étnica e racial.
Em relação às periferias, onde a população negra é maioria, o candidato que ficou em segundo lugar no primeiro turno e que tenta a virada no segundo promete combater o desemprego e a pobreza por meio do fortalecimento de iniciativas de economia popular como cooperativas populares. O impedimento de homenagens a figuras históricas relacionadas à escravidão em monumentos e nomes de locais públicos também é projetado no plano de Bolulos.
Nas próximas duas semanas, os dois candidatos terão o mesmo tempo de TV e rádio durante a propaganda eleitoral gratuita, assim como ao longo da programação dos canais de TV aberta. Nem todos os candidatos que saíram da disputa se posicionaram sobre quem vão apoiar até o segundo turno, que acontece no dia 29 de novembro.