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Violência de gangues no Haiti deixa mais de 5,6 mil mortos em 2024, alerta ONU

Relatório denuncia massacres, linchamentos e execuções sumárias; instabilidade política e impunidade agravam a crise no país caribenho
Um membro de uma gangue monta guarda no Cemitério Nacional enquanto os haitianos celebram Fet Gede, o Dia dos Mortos, em Porto Príncipe, em 1º de novembro de 2024.

Foto: Clarens Siffroy/AFP

7 de janeiro de 2025

Mais de 5,6 mil pessoas foram mortas no Haiti em 2024 devido à violência de gangues, representando um aumento de mil vítimas em comparação a 2023, conforme alertou o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos nesta terça-feira (7).

“Esses números, por si só, não podem explicar os horrores absolutos que estão sendo perpetrados no Haiti, mas mostram a violência implacável à qual a população está sujeita“, afirmou Volker Türk, chefe da agência, em comunicado.

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Neste ano, o Haiti comemora 221 anos de independência. Apesar da histórica revolta de escravizados que livrou o país da escravidão e dos colonizadores franceses, a nação caribenha viveu uma série de intervenções internacionais desde então, incluindo severas punições econômicas e ocupações militares. Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, a crise no país que abriga cerca de 12 milhões de pessoas tem se agravado e a violência aumentado.

Hoje, a capital haitiana, Porto Príncipe, é controlada em grande parte por grupos armados que se fortaleceram diante da instabilidade política do país. Apesar dos esforços de uma missão internacional liderada pelo Quênia, com apoio dos Estados Unidos e da ONU, a violência no país cresceu.

Massacres e abusos documentados

Um dos episódios mais violentos ocorreu em dezembro de 2024, quando pelo menos 207 pessoas foram assassinadas em um massacre organizado pelo líder do grupo Wharf Jeremie na área de Cité Soleil, segundo o relatório da ONU.

As vítimas, muitas delas idosos acusados de práticas de vodu, foram levadas a um “centro de treinamento”, onde foram desmembradas ou queimadas após serem executadas.

Além disso, o relatório documentou 315 linchamentos perpetrados por gangues ou associados, frequentemente facilitados por policiais haitianos. O documento também registrou 281 execuções sumárias supostamente realizadas por unidades policiais ao longo do ano.

Impunidade e crise estrutural

O alto comissário Volker Türk destacou que a crise no Haiti é alimentada por décadas de impunidade, corrupção e desigualdades sociais. “A restauração do estado de direito deve ser uma prioridade”, afirmou, apelando por maior apoio à missão liderada pelo Quênia e à Polícia Nacional Haitiana.

Türk também pediu que os oficiais envolvidos em abusos sejam responsabilizados e enfatizou a necessidade de vigilância internacional para garantir que a missão queniana receba os recursos financeiros e logísticos necessários para cumprir seu mandato.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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