Escritor e jornalista carioca completaria 139 anos neste 13 de maio de 2020
Texto: Juca Guimarães
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Em 1881, quando nasceu o grande escritor Lima Barreto, a escravidão era uma vergonha institucionalizada no Brasil. Um cenário que não mudou quase nada nos seus 41 anos de vida. Lima deixou um legado gigantesco na literatura e no jornalismo, um legado marcado pela defesa da negritude e contra a desigualdade social.
A acidez e a força da narrativa de Lima Barreto nas denúncias contra o racismo estrutural, que pouco mudou dos tempos da Monarquia para a era da República, passando por uma abolição inconclusa, formam um poderoso documento de reflexão para situar o racismo nos dias de hoje. Principalmente sobre a eugenia, essa política contínua de desvalorização dos negros e a tentativa de “embranquecer” a sociedade.
Quando penso em Lima Barreto logo vem a imagem do idealismo e de Policarpo Quaresma e a solidão da vida sofrida de Clara dos Anjos, livros que li e reli algumas vezes desde anos 1980.
O lado jornalista de Lima é relevante por conta das incansáveis batalhas que disputou para publicar reportagens contra a desigualdade social e o racismo. É dele a série de textos falando sobre a expulsão da população pobre, na sua maioria negra, do Morro do Castelo, no Rio de Janeiro, para que a prefeitura fizesse o aterro do Flamengo.
O grande ator Hilton Cobra interpretou o escritor na peça “Tragam-me a Cabeça de Lima Barreto”, que está disponível no YouTube. Vale a pena conferir para relembrar e refletir sobre as obras de Lima Barreto na nossa atualidade.
O monólogo traça um duelo entre o escritor e as teorias eugenistas defendidas no Brasil numa pseudo-ciência introduzida no Brasil pelo sanitarista Renato Kehl, amigo do escritor Monteiro Lobato, este simpatizante da seita racista Ku-Klux-Klan, dos Estados Unidos.
A falsa ideia de supremacia da raça branca ainda causa atrasos e absurdos no Brasil do século 21. Ler e entender Lima Barreto é a continuidade de uma luta por uma nação mais justa e evoluída.