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Racismo tira das pessoas negras o direito de envelhecer bem

Precisamos refletir sobre o envelhecimento da população negra, que tem esse processo natural da vida afetado pelas mazelas do racismo
Imagem mostra as mãos de uma pessoa idosa negra segurando uma bengala.

Imagem mostra as mãos de uma pessoa idosa negra segurando uma bengala.

— Dewald Van Rensburg/Pixabay

23 de maio de 2023

Por: Regina Lúcia dos Santos e Milton Barbosa

Envelhecer é a mesma coisa para todo mundo? Evidente que não.

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Esta semana me peguei quase feliz porque Harry Bellafonte, um homem negro, ator, cantor e ativista pelo direito dos negros afro-americanos morreu somente aos 96 anos.

Explico essa loucura: nos últimos tempos tivemos a morte de alguns militantes negros, homens e mulheres, e o que constato é que os nossos dificilmente têm ultrapassado a casa dos 70 anos. Por isso, nós precisamos refletir sobre o processo de envelhecer quando se é uma pessoa negra.

Estamos novamente ampliando a expectativa de vida da população brasileira, depois de um retrocesso que o ex-governo genocida impôs, também há este dado por descaso durante a pandemia e por piora nas condições de vida, mas as estatísticas para a população negra se mantém em retrocesso, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na pandemia de COVID, as mortes se deram em maior número entre os idosos, mas quem mais morreu foram homens idosos negros seguidos pelas mulheres idosas negras.

Leia também: Mulheres trans e travestis não acessam políticas para pessoas idosas

Além disso, as condições sociais da vida da população negra, com maior insegurança alimentar, piores condições de moradia e dificuldade no acesso à aposentadoria levam a um número muito maior de idosos negros que precisam trabalhar para ajudar no sustento familiar.

Somado a isso, a saúde mental fica abalada pelo racismo e traz problemas como alcoolismo e doenças psicoemocionais, que tiram do envelhecimento da população negra a aura romântica da melhor idade.

Hipertensão, diabetes diversas, problemas renais e fibromialgias, por exemplo, acompanham nosso envelhecimento e encurtam consideravelmente nossa expectativa de vida.

Deve ser uma pauta forte e séria do movimento negro nos próximos tempos a luta por direitos e políticas públicas para uma velhice segura para a população negra como um todo.

Leia também: A complexidade e a sofisticação do racismo

Regina Lúcia dos Santos é coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, em São Paulo. Milton Barbosa é cofundador e coordenador nacional de honra do MNU.

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