Por: Regina Lúcia dos Santos e Milton Barbosa
Envelhecer é a mesma coisa para todo mundo? Evidente que não.
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Esta semana me peguei quase feliz porque Harry Bellafonte, um homem negro, ator, cantor e ativista pelo direito dos negros afro-americanos morreu somente aos 96 anos.
Explico essa loucura: nos últimos tempos tivemos a morte de alguns militantes negros, homens e mulheres, e o que constato é que os nossos dificilmente têm ultrapassado a casa dos 70 anos. Por isso, nós precisamos refletir sobre o processo de envelhecer quando se é uma pessoa negra.
Estamos novamente ampliando a expectativa de vida da população brasileira, depois de um retrocesso que o ex-governo genocida impôs, também há este dado por descaso durante a pandemia e por piora nas condições de vida, mas as estatísticas para a população negra se mantém em retrocesso, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na pandemia de COVID, as mortes se deram em maior número entre os idosos, mas quem mais morreu foram homens idosos negros seguidos pelas mulheres idosas negras.
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Além disso, as condições sociais da vida da população negra, com maior insegurança alimentar, piores condições de moradia e dificuldade no acesso à aposentadoria levam a um número muito maior de idosos negros que precisam trabalhar para ajudar no sustento familiar.
Somado a isso, a saúde mental fica abalada pelo racismo e traz problemas como alcoolismo e doenças psicoemocionais, que tiram do envelhecimento da população negra a aura romântica da melhor idade.
Hipertensão, diabetes diversas, problemas renais e fibromialgias, por exemplo, acompanham nosso envelhecimento e encurtam consideravelmente nossa expectativa de vida.
Deve ser uma pauta forte e séria do movimento negro nos próximos tempos a luta por direitos e políticas públicas para uma velhice segura para a população negra como um todo.
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Regina Lúcia dos Santos é coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, em São Paulo. Milton Barbosa é cofundador e coordenador nacional de honra do MNU.