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“Está cada dia pior”, diz preso sobre situação da Covid-19 em penitenciária de SP

25 de maio de 2020

Em todo o estado, até o dia 22 de maio foram confirmados 30 casos de Covid-19 e 12 mortes em todas as unidades prisionais de São Paulo

Texto: Juca Guimarães I Edição: Simone Freire I Imagem: João Wainer

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Em todo o estado de São Paulo, por conta da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, até o dia 22 de maio foram confirmados 30 casos de Covid-19 e 12 mortes em todas as unidades prisionais, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Em uma carta enviada para a esposa, Cláudio*, que está preso na Penitenciária Presidente Venceslau 2, a cerca de 600 km da capital paulista, afirma que a situação por lá “está cada dia pior”.

Na cidade de Presidente Venceslau, cuja população é de 39,4 mil habitantes, foram registrados 38 casos de Covid-19 e oito mortes. Duas destas mortes foram de presos que estavam na Penitenciária 2, com 783 detentos, segundo a SAP.

Na penitenciária, a primeira morte foi em 14 de maio, de um preso que já estava internado desde o dia 27 de abril. Outra pessoa morreu pouco tempo depois, em 18 de maio, no mesmo dia em que foi internado. Entre 20 de março e 19 de maio, por conta da Covid-19, a secretaria contabilizou a soltura de 3.461 presos no estado, seguindo recomendação do Conselho Nacional de Justiça de 17 de março.

Mudanças

Diante do cenário de maior contaminação em todo o estado paulista, a preocupação é grande entre os presos e familiares. As visitas também estão suspensas e cartas e encomendas estão demorando mais para serem entregues por conta das medidas de isolamento social adotadas pela secretaria.

A falta de comunicação com os presos aflige as famílias. Antes as cartas demoravam cinco dias para chegar, agora, demoram até 17 dias. “Além de demorar a carta. A escrita não pode ser feita com a realidade do preso porque tem a questão da censura [leitura feita pelos agentes penitenciários antes do envio]”, declara Bruna, esposa de Cláudio.

Segundo a SAP, agora, as cartas e encomendas são entregues depois de uma quarentena de 72 horas, mas está demorando mais por conta do aumento do volume desde a suspensão das visitas.

Cada dia mais difícil 2

Dossiê

Uma comissão de advogados e familiares de presos questiona a eficiência das medidas tomadas pelo governo de São Paulo nas 86 penitenciárias, onde tem mais de 130 mil presos em cerca de 76 mil vagas. Segundo, o grupo, as mortes relatadas e os casos confirmados estão subnotificados.

No dossiê divulgado pelo grupo há denúncias de falta de kits de higiene para os presos em Reginópolis, Mauá, Hortolândia, Itapetininga, Mirandópolis e Junqueirópolis. Em Assis, os familiares relataram que há cortes no fornecimento de água.

Nas quatro unidades do Centro de Detenção Provisório (CDP) de Pinheiros, na Vila Leopoldina, na zona Oeste da capital paulista, segundo os advogados responsáveis pelo dossiê, faltam médicos e enfermeiros. São 4.801 presos onde caberiam 2.450 pessoas.

Os advogados pediram que o governo do estado aumente as medidas de prevenção e proteção dos presos. Entre as solicitações está o aumento de uma hora no banho de sol e que as famílias sejam informadas imediatamente, por meio da assistência social, em caso de suspeita de contaminação.

Protocolos

Já a SAP informou que quando um preso é identificado como suspeito, o paciente é isolado e a Vigilância Epidemiológica local é contatada. Se for confirmada a contaminação, o preso fica isolado na enfermaria. Caso agrave o quadro médico, ele é transferido para um hospital.

Além disso, a pasta informou que “segue as determinações do Centro de Contingência do Coronavírus”. As medidas tomadas até o momento incluem a distribuição de máscaras para presos e funcionários, as atividades coletivas – como as oficinas de trabalho – foram suspensas ou seguem um protocolo de distanciamento social e as saídas de presos para trabalhar fora das unidades foram suspensas.

A SAP também explicou que está monitorando os presos que fazem parte de algum grupo de risco, que foram comprados termômetros de infravermelho e oxímetros digitais portáteis, e que, agora, o uso dos refeitórios é feito em horários alternados.

*Os nomes foram mantidos em sigilo para segurança das fontes.

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