Toni Morrison, a primeira escritora negra a ganhar um prêmio Nobel de literatura, faleceu no dia 5 de agosto, segunda-feira, aos 88 anos. A autora comprometida com a luta contra o racismo estava internada no Centro Médico Montefiore, em Nova York, por causa de uma doença que não foi revelada.
Batizada como Chloe Anthony Wofford, a escritora nasceu em 18 de fevereiro de 1931, em Ohio, nos Estados Unidos. Oriunda de uma família pobre, trabalhou como empregada doméstica na adolescência e na fase adulta se formou em Filosofia Inglesa.
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A autora adotou um novo nome quando começou a trabalhar como editora da Random House, em Nova York. Ela uniu o apelido que recebeu da família ao sobrenome de seu ex-marido Harold Morrison, com o qual teve um filho e se divorciou em 1964.
Sua trajetória marcou a história da literatura não apenas por ter sido a primeira mulher negra a receber o Prêmio Nobel, em 1993, mas também por se tornar membro da Academia Americana de Artes e Letras e do National Arts Council.
Legado
Com 11 livros publicados, os romances de Toni Morrison são considerados pela crítica registros históricos e sociopolíticos da comunidade afro-americana.
Dentre as obras mais conhecidas da romancista, se destacam Sula (1974), livro no qual a escritora expressa sua preocupação com a situação de vulnerabilidade social das mulheres negras nos EUA, e Tar Baby (1981), que narra um naufrágio envolvendo pessoas negras à costa de uma ilha caribenha, onde os milionários vivem pacificamente entre seus servos.
O mais aclamado, contudo, foi Amada (1987), baseado na vida da afro-americana Margaret Garner, que em 1856 fugiu do estado escravista de Kentucky para Ohio, onde a escravidão havia sido abolida.
A história ganhou o Pulitzer em 1988, um dos principais prêmios literários dos EUA, e inspirou o filme Bem Amada, lançado em 1998.
Repercussão
No Twitter, diferentes personalidades norte-americanas prestaram homenagens à Toni Morrison.
O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu o apoio da escritora em 2008 para se candidatar à Presidência pelo Partido Democrata. Ele comentou que Toni Morrison era um “tesouro nacional”.
“Sua escrita foi um belo e significativo desafio à nossa consciência e à nossa imaginação mortal. Que presente respirar o mesmo ar que ela, mesmo que apenas por um tempo”, escreveu.
A editora do The New York Times Book Review, Pamela Paul, lembrou de como a autora era gentil. “Toni Morrison cumprimentava todos os visitantes quando eles entram no New York Times Book Review. Uma inspiração. Descanse em paz”, lamentou.
A produtora Shonda Rimas afirmou que Toni Morrison foi uma inspiração para sua carreira profissional. “Ela me fez entender que ser ‘escritora’ era uma ótima profissão. Eu cresci querendo ser apenas ela. O jantar que tivemos foi uma noite que nunca vou esquecer. Descanse, rainha.”, contou.