PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Você que comemora o Natal: já ouviu falar do Kwanzaa?

Festa tem o intuito de aproximar a comunidade negra e reconectar esse grupo às tradições africanas
Imagem mostra um homem e um menino, ambos negros, olhando para velas nas cores vermelhas e verdes.

Foto: Reprodução

24 de dezembro de 2019

O período de festas é especial no Brasil, com celebrações e momentos de descanso para a maioria das pessoas. O Natal e o Ano Novo são as principais comemorações no calendário nacional, mas não são as únicas. O Kwanzaa é uma delas, com início marcado para o dia 26 de dezembro e celebrado por 7 dias. O encerramento, no dia 1º de janeiro, conta com uma grande festa.

“É importante dizer que o Natal é o Natal, o nascimento de Jesus Cristo, momento importante para o cristianismo. O Kwanzaa não é o natal negro. O Kwanzaa é o festival da colheita. Não é apenas um dia, como o Natal”, explica o pesquisador Gyasi Kweisi Mpfume, mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à Alma Preta Jornalismo.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Criada pelo professor Maulana Karenga, a celebração começou na passagem de 1966 para 1967, em Los Angeles, Califórnia (EUA). O início da festa se deu no contexto da luta por direitos civis no país estadunidense e com o objetivo de fortalecer a união da comunidade negra no mundo.

“Ela é baseada no festival das colheitas, que existe há muito tempo no continente africano. O evento se inspirou no festival Umkhosi Wokweshwama, do povo Zulu, e dos festivais da colheita do povo Ashanti, mas também de outros povos africanos que fazem o festival da colheita”, conta Mpfume.

O pesquisador celebra o Kwanzaa desde 2008, um ano depois da chegada da celebração no Brasil, na cidade de Salvador, Bahia. O primeiro ritual foi criado por um coletivo de negros cristãos.

“O objetivo do Kwanzaa é de que nós podemos falar sobre nós, para além das reuniões do movimento negro, onde a gente sabe que poucas pessoas participam. O Kwanzaa é uma celebração, um espaço de comemoração da nossa ancestralidade, das nossas civilizações africanas. Conhecer mais sobre nós e estarmos juntos em comunidade, resolvendo problemas juntos”, descreve.

A origem da palavra Kwanzaa

Kwanzaa significa “os primeiros frutos” e tem origem Suaíli, a língua banta mais falada na África, com aproximadamente 150 milhões de falantes. O continente africano tem 1,2 bilhão de pessoas.

A celebração tem 7 dias de duração e para ela se usam 7 velas, em referências aos 7 princípios da festa: Umoja, que significa unidade; Kujichagulia, autodeterminação; Ujima, trabalho coletivo e responsabilidade; Ujamaa, economia cooperativa; Nia, propósito; Kuumba, criatividade; e Imani, fé.

A cada dia, uma vela de cor diferente deve ser acesa em um altar onde são colocadas frutas frescas e uma espiga de milho por cada criança que houver na casa. Depois de acesa a vela, todos bebem uma taça comum em reverência aos antepassados e saúdam com a exclamação “Harambee”, que tanto significa “reúnam todas as coisas” quanto “vamos fazer juntos”.

A grande festa é a de 1 de janeiro, quando há muita comida e cada criança ganha três presentes que devem ser modestos: um livro, um objeto simbólico e um brinquedo.

“São falados assuntos sobre a nossa história, ao mesmo tempo que é um espaço lúdico e de entretenimento. O Kwanzaa vem para reforçar a identidade negra e para ser um espaço para a nossa irmandade se valorizar, se gostar, para estarmos juntos e pensarmos como uma comunidade”, conclui Mpfume.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano