PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Parlamentares negros tomam posse pelo Brasil: “levaremos nosso projeto político olhando para o povo”

Nesta semana, deputadas e deputados estaduais eleitos em 2022 tiveram suas cerimônias de posse nas assembleias legislativas na maioria dos estados do país

Imagem de ato em cerimônia de posse de parlamentares.

Foto: Imagem: Reprodução/Sintergs

3 de fevereiro de 2023

Em cerimônias marcadas por simbolismo, parlamentares negros estão tomando posse nas assembleias legislativas pelo Brasil. Em Minas Gerais, na última quarta-feira (1), as deputadas estaduais Ana Paula Siqueira (Rede), Andréia de Jesus (PT), Leninha (PT) e Macaé Evaristo (PT) tiveram suas cerimônias de posse na Assembleia Legislativa do Estado (ALMG).

“A luta pela representatividade da população negra não é uma luta individual. Estou feliz de ter sido eleita, mas especialmente de ter sido eleita com outras mulheres negras”, afirmou Macaé Evaristo.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A parlamentar assume o seu primeiro mandato como deputada estadual, tendo 50.416 votos nas eleições de 2022. Macaé fez o juramento de posse acompanhada da mãe, Maria Antônia Cesário Evaristo, e da Ialorixá Carmem Holanda.

“Eu estou bastante otimista com o meu mandato na Assembleia Legislativa de Minas. Acho que essa eleição se dá em um momento importante de retomada da democracia no país e no momento da gente restaurar e reconstruir vários princípios que vinham sendo muito atacados no período anterior, principalmente, a defesa da democracia, a defesa das políticas sociais, o direito à educação, a saúde e o direito à assistência e à cultura”, afirma Macaé à Alma Preta Jornalismo.

Graduada em Serviço Social, mestre em Educação e doutoranda pela UFMG, a parlamentar foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação no município de Belo Horizonte (2005 a 2012) e no estado de Minas Gerais (2015 a 2018). Também foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação em 2013 e 2014.

Macaé EvaristoMacaé Evaristo, ao centro, durante juramento | Crédito: Luiz Santana /ALMG

Atuante em prol da inclusão educacional e da valorização dos professores, a nova deputada de Minas Gerais aponta que pensar uma agenda de combate ao racismo é fundamental, sobretudo no momento em que o Ministério da Igualdade Racial foi retomado.

“Uma agenda muito importante que eu trago aqui para a Assembleia Legislativa é a defesa da escola pública. Infelizmente, em Minas Gerais nós temos um governo que trabalha fortemente para a privatização da política educacional. Então eu acho que essa é a grande luta que nós vamos enfrentar nesses próximos quatro anos, é a defesa do direito à educação, a defesa da escola pública e a garantia do pagamento do piso salarial nacional para os trabalhadores da educação”, afirma.

As deputadas estaduais de Minas Gerais Ana Paula Siqueira (Rede), Andréia de Jesus (PT) e Leninha (PT) assumem seu segundo mandato na ALMG este ano, sendo que a deputada Leninha foi eleita para o cargo de vice-presidente da Assembleia. Ela é a primeira mulher negra a ocupar um cargo na Mesa Diretora.

“As expectativas para um segundo mandato são muitas. Penso que antes de mais nada é preciso reafirmar o nosso compromisso com a justiça social, com a construção de um estado melhor para todos e todas. Como a primeira mulher negra a ocupar um lugar na Mesa Diretora, pretendo marcar positivamente a participação da Bancada Feminina da Casa. Contribuir para que, no parlamento, sejamos capazes de dar respostas e contribuições na formulação de políticas públicas que fortaleçam e promovam melhores condições de vida e trabalho para todas as mulheres do nosso estado”, comenta Leninha.

Posse em outros estados

Em Pernambuco, as deputadas estaduais eleitas Dani Portela (PSOL) e Rosa Amorim (PT) promoveram uma posse popular nesta quarta-feira (1º). Houve uma comemoração aberta ao público que contou com uma programação musical na Rua da Aurora, em Recife. As parlamentares foram em cortejo para o local após a cerimônia formal de posse.

A parlamentar pernambucana Rosa Amorim nasceu em um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra), em Caruaru. Militante do Levante Popular da Juventude, ela é a primeira ativista do MST a conquistar uma vaga na Alepe.

“O MST compreendeu que a conjuntura política exigia de nós uma atuação também nas esferas institucionais. Chegamos então com a expectativa de abordar as pautas que atingem a classe trabalhadora, como a educação, a fome e o desemprego, por exemplo; mas também fortalecer a luta pela Reforma Agrária em nosso estado. Nossa pauta prioritária é o combate à fome”, destaca Rosa.

A deputada estadual também dará prioridade em seu mandato às pautas sobre a cultura pernambucana e ao fomento às políticas de redução das desigualdades voltadas para mulheres, negros e negras, pessoas com deficiência, LGBTQIAP+, povos originários e tradicionais.

“Uma pauta que toca a minha trajetória e que estamos também levando para a Alepe é defender uma educação pública e de qualidade. Principalmente, pensando na interiorização e no fortalecimento da Universidade de Pernambuco, que precisa de mais olhar do poder público para chegar a cada vez mais pessoas mantendo a sua excelência”, complementa Rosa Amorim à Alma Preta Jornalismo.

“Apesar de Bolsonaro ter sido derrotado, o bolsonarismo continua presente na Alepe e em todo o País, mas é confrontando as ideias que vamos defender a democracia e levar o nosso projeto político olhando para o povo. O nosso mandato tem o objetivo de integrar o projeto de Lula para o País e olhar para o povo e este é o nosso foco durante o mandato”, acrescenta.

No Rio Grande do Sul na última terça-feira (31), um cortejo organizado por movimentos sociais, populares, sindicatos e apoiadores conduziu os parlamentares Bruna Rodrigues (PCdoB), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSOL) até a entrada da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A ação marcou a data de posse da primeira bancada negra da Assembleia Legislativa do Estado. O ato também contou com apresentações artísticas do movimento negro, como tambor e slam, e outras expressões culturais.

“Nossa chegada é coletiva, fala sobre sonho, sobre vida, sobre amores. Lutamos para ser felizes, para reproduzir uma política de amor e não de ódio”, disse Bruna Rodrigues na ocasião, de acordo com informações do Sintergs, um dos sindicatos presentes no ato.

No Paraná, o advogado Renato Freitas (PT) tomou posse como advogado estadual na Assembleia Legislativa do Estado na última quarta-feira (1°). A posse do deputado vem após ele sofrer ameaças de morte e acusação de quebra de decoro. O processo se deu depois que Freitas foi considerado líder da manifestação antirracista em protesto às mortes de Moïse Kabagambe e Durval Teófilo Filho. Como vereador, o advogado chegou a ser cassado duas vezes sob alegação de quebra de decoro parlamentar pela Câmara Municipal de Curitiba (PR).

No Rio de Janeiro, também teve posse popular para parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado, como houve com as deputadas e os deputados estaduais do PSOL: Dani Monteiro, Renata Souza e Professor Josemar. Marina do MST (PT) caminhou em um ato simbólico com centenas de pessoas até a Alerj, onde a liderança dos Sem Terra foi empossada deputada estadual. Além disso, também assumiram Dani Balbi (PCdoB), primeira deputada trans da Alerj, e Verônica Lima (PT).

Na última quarta-feira (1), também tomaram posse como deputadas estaduais Camila Valadão (PSOL), no Espírito Santo, Olívia Santana (PCdoB), na Bahia, Divaneide (PT), no Rio Grande do Norte, e Lívia Duarte (PSOL), no Pará. Em São Paulo, os deputados estaduais tomarão posse no dia 15 de março.

Leia também: “Estamos mais perto das tomadas de decisão”, diz primeira secretária dos Direitos LGBTQIA+

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano