PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Projeto de música para crianças em situação de vulnerabilidade luta para se manter em Salvador

Criado no bairro de Itapuã, na capital baiana, o projeto Kimbailerê atua com mais de 50 crianças em situação de vulnerabilidade através da música e atividades artísticas

Foto: Divulgação/Kimbailerê

Foto: Foto: Divulgação/Kimbailerê

18 de novembro de 2022

“Resgatar crianças”. Esse é um dos principais lemas do projeto Kimbailerê, iniciativa que há oito anos busca auxiliar crianças em situação de vulnerabilidade por meio da educação e da música no bairro de Itapuã, em Salvador.

Situado em frente à Casa da Música, em Itapuã, um dos bairros históricos da capital baiana, o projeto surgiu em 2014 idealizado pelo cantor e percussionista Flavio Kimbaila e faz parte de uma das atividades da Associação de Engenharia Social do bairro.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Segundo o idealizador do projeto, o nome ‘Kimbailerê’ significa “Crianças que tocam, cantam e dançam”. A iniciativa surgiu a partir da banda “Kimbaila”, integrada por músicos adultos. Foi a partir da necessidade de integrar o público infantil à música que Flavio Kimbaila resolveu dar o início às atividades, que hoje contam com aulas de percussão, canto, dança afro, capoeira entre outros.

“A partir daí a ideia foi crescendo, muitos jovens vieram participar, aprender a cantar e nos apresentamos em vários locais de Salvador: Pelourinho, Parque da Cidade, Lavagem de Itapuã, nas escolas do bairro e adjacências”, explica o idealizador do projeto.

Atualmente, a iniciativa atende a quase 80 alunos e oferece aulas gratuitas na Creche Escola Casarão Encantado. Sem apoio financeiro, o projeto tem enfrentado dificuldades para se manter e ajudar as crianças atendidas, que muitas vezes fazem refeições pelo projeto.

“Hoje, a nossa maior dificuldade é financeira. É a dificuldade de ter um material, instrumento, uma roupa, um lanche. Às vezes as crianças não tem nem o que comer em casa e vem para cá porque sabe que tem uma merenda, são as dificuldades diárias mesmo”, ressalta Flavio Kimbaila.

percussao kimbailereFoto: Divulgação/Kimbailerê

Um dos professores voluntários do projeto e primo de Flavio Kimbaila, Sidnei Gama, também destaca que a falta de apoio também tem dificultado a continuação das aulas de percussão por falta de instrumentos.

“É tudo custeado pela gente, inclusive, minha maior dificuldade em continuar o projeto é a falta dos instrumentos e a gente não tem apoio de ninguém. Aos sábados eu faço um lanche para as crianças no ensaio custeados do meu bolso e do meu primo Flávio”, comenta Sidnei Gama, responsável pelas aulas de percussão.

A partir da percussão e dos ensaios musicais, o projeto Kimbailerê também conta com uma banda infantil, que participa de eventos culturais da comunidade e de outros bairros. Para Flavio Kimbaila, a música e a educação proporcionam impactos positivos na formação e consciência racial das crianças.

“A gente fortalece a educação falando de coisas boas, principalmente da música boa, de letras de qualidade. A gente fala da pele preta para eles entenderem que a nossa pele preta é uma pele bonita e tem todo esse contexto racial para eles se darem valor de que aqui eles podem sair bons músicos, professores, advogados”, afirma.

apresentacao kimbailereFoto: Divulgação/Kimbailerê

Já Sidnei Gama destaca que o principal esforço é tirar as crianças das ruas e incentivar o estudo e o respeito entre a comunidade.

“O primeiro impacto é a gente tirar as crianças das ruas, tirar as crianças de drogas, incentivar o estudo, a ter um respeito pelos pais, a ter respeito com os professores. Aqui a gente não ensina só percussão, a gente ensina a educação”, pontua o percussionista.

Mais informações sobre o projeto Kimbailerê podem ser encontradas nas redes sociais e possíveis doações podem ser feitas pelo Pix da Associação: [email protected]. O projeto também está aberto para visitação na Creche Escola Casarão Encantado, em Itapuã, de terça a quinta-feira a partir das 17h, Às sextas-feiras, as atividades de percussão acontecem no Parque do Abaeté, aberto ao público.

Leia também: Novembro Negro: “os negros brasileiros são uma maioria minorizada”

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano