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Nova edição da Mostra Adinkra promove cinema afro amazônico no Pará

Programação acontece nos dias 12 e 13 de novembro, com exibição de curtas-metragens e debates
"Vicinal à Meia-Noite" é uma das obras presentes na 4ª edição da Mostra Adinkra.

Foto: Divulgação/Agência Pará

12 de novembro de 2024

A produção audiovisual negra da Amazônia é destaque na 4ª Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico, que ocorre nesta terça (12) e quarta-feira (13), em Canaã dos Carajás, região sudeste do Pará. A programação ocorre de forma gratuita na Casa da Cultura de Canaã dos Carajás. O evento conta com exibição de curtas-metragens e debates sobre o imaginário na confluência entre a África e a Amazônia.

A curadoria selecionou obras de realizadores do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Mato Grosso. As produções abordam experiências e modos de viver do povo amazônico, empoderamento feminino, ancestralidade e resistências de comunidades quilombolas, indígenas e de trabalhadores rurais nos assentamentos.

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Uma das obras que serão exibidas é “Vicinal à Meia-Noite”, curta-metragem de ficção, baseado nas histórias populares contadas no assentamento de reforma agrária Palmares II, do município paraense de Parauapebas, onde o filme também foi roteirizado, produzido e gravado. O diretor Ícaro Matos compartilha as peculiaridades do “cinema sem-terra”.

“O cinema sem-terra, do campo, traz sua própria identidade e narrativa protagonizadas pelas pessoas que pertencem a essas histórias”, diz. “A possibilidade de levar a nossa produção para uma mostra de cinema afro-amazônico reforça a importância da presença negra dentro da indústria cinematográfica e fortalece um legado artístico em construção, que parte da juventude do campo”, completa o cineasta.

A Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico é uma realização da produtora audiovisual Cine Diáspora. O objetivo do projeto é destacar as narrativas afro amazônidas em meio a um cenário de desigualdade e subrepresentação no mercado audiovisual brasileiro.

Para Rafael F. Nzinga, diretor da Cine Diáspora, políticas públicas afirmativas, que possibilitam o aumento do número de cineastas negros, têm sido fundamental para mudar esse cenário na região amazônica. Nzinga ressalta que, ao incentivar a formação e o desenvolvimento de talentos locais, essas políticas ajudam a desconstruir estereótipos e a diversificar as histórias contadas na tela.

“Essas iniciativas não apenas promovem a inclusão, mas também oferecem recursos e oportunidades que permitem a esses artistas expressar suas narrativas e culturas de forma autêntica”, conta Rafael.

A Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico realizou a primeira edição em Belém, em outubro de 2023, e começou a circular pelo Brasil a partir de dezembro do mesmo ano, iniciando em Salvador (BA) e, posteriormente, Brasília (DF). Em outubro deste ano, a mostra realizou a sua primeira edição internacional, em La Paz, Bolívia. Ao total, a mostra já atraiu um público de mais de 500 pessoas.

O que é Adinkra?

A Mostra traz em seu conceito a simbologia dos Adinkras, sistema de escrita pictográfica criado pelo povo Akan, localizado no oeste da África. Os símbolos preservam e transmitem valores fundamentais ligados à cultura africana e inspiraram a curadoria para definir a temática de cada uma das quatro sessões de filmes: Sankofa (buscar o passado para construir o futuro), Ananse (criatividade e sabedoria), Duafe (feminino) e Aya (resistência e desenvoltura).

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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