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Contratação de jovens estagiários negros cresce 520% em 7 anos

No período, mais de 3.200 jovens negros foram contratados nos programas de estágio, e a previsão é que esse número atinja 3.500 até dezembro de 2024
Imagem mostra uma jovem negra usando um notebook.

Foto: Reprodução

23 de novembro de 2024

Dados da Companhia de Estágios, referência em recrutamento e seleção de estagiários, trainees e jovens aprendizes, apontam que o número de contratações de estagiários negros cresceu mais do que cinco vezes (520%), entre 2018 até outubro de 2024, refletindo um crescimento exponencial de oportunidades na entrada do mercado de trabalho para estudantes negros.

As perspectivas continuam positivas: no período, mais de 3.200 jovens negros foram contratados nos programas de estágio, e a previsão é que esse número atinja 3.500 até dezembro de 2024.

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As informações são da quinta edição do “Mapeamento dos Estagiários Negros no Brasil 2024”, um levantamento inédito da Companhia de Estágios para detalhar o perfil e o avanço das contratações de jovens negros para programas de estágio no país. O estudo interno inclui jovens de formação técnica ou superior, de todas as cinco regiões do país e se baseia em um banco de dados anonimizado, que reúne cerca de 14 mil estudantes contratados entre 2018 e 2024.  

Nota-se uma pequena variação no perfil dos estagiários negros contratados ao longo dos anos. Atualmente, 60% dos estagiários pretos e pardos são mulheres com idade média de 23 anos  –  faixa etária similar à dos estagiários brancos, que têm em torno de 22 anos. No mapeamento do ano passado, a presença de mulheres era 6% menor, o que mostra que as empresas também estão empenhadas em contratar mais mulheres, que já são maioria entre os inscritos nas vagas de estágio e também nas universidades. 

No que diz respeito a conhecimentos de inglês, importante requisito para diversas vagas de estágio, o estudo revela que há contraste entre negros e brancos contratados: 11% dos negros aprovados possuem esta aptidão em nível avançado,  contra 28% dos brancos. Já no nível intermediário, negros tem 23% contra 20% dos brancos.  Isso sugere que as empresas têm flexibilizado o requisito idioma cada vez mais ao longo dos anos. 

A pesquisa foi baseada na autodeclaração de candidatos, com dados extraídos da base da Companhia de Estágios e seguindo a classificação étnico-racial do IBGE, segundo a qual 45,3% dos brasileiros se declaram pardos, 10,2% pretos, 42,3% brancos, 0,8% indígenas e 0,4% amarelos. Ou seja, considerando pardos e pretos, a população negra no Brasil é de 55%.

Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios, avalia que para melhorar a empregabilidade dos jovens, em especial dos jovens negros, é essencial que os governos estejam comprometidos com investimento em educação de qualidade, principalmente da educacao básica, para que mais jovens cheguem ao ensino superior bem preparados. Além disso, conta que as empresas devem se engajar em não apenas contratar, mas também desenvolver os jovens.

“Temos trabalhado ativamente para incentivar a abertura de vagas de estágio – atualmente no Brasil temos 8 milhões de pessoas cursando ensino superior e menos de 1 milhão de estagiários. É frustrante para o jovem estudar e não conseguir ingressar na sua área”, diz o executivo. 

Experiência e formação

Outro ponto de destaque do levantamento é a constatação de que, neste ano, 66% dos estagiários negros conquistaram suas vagas sem experiência prévia. Em 2018, apenas 23% dos estagiários negros ingressavam sem alguma experiência anterior.

O estudo também reforça que a maioria dos estudantes, incluindo negros e brancos, frequentam universidades particulares. No entanto, proporcionalmente, a presença de negros é maior. Em 2024, 91% dos estagiários negros contratados estavam matriculados em instituições de ensino privadas, representando a maior taxa registrada nos últimos anos. Entre os estudantes brancos, a proporção é de 81%.  

A presença de estudantes negros contratados em universidades privadas mostra uma tendência de crescimento ao longo dos anos, passando de 68% em 2018 para 91% em 2024.Os dados também mostram que estagiários negros se concentram principalmente em universidades de grande porte que tem grande oferta de variedade de cursos presenciais e Educação a distância (EAD), como Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), com 6,29%, a Universidade Nove de Julho (Uninove), com 4,61%, e a Universidade Paulista (Unip), com 4,16%. 

“O ensino  EAD e a alta oferta de cursos acirrou a concorrência entre as universidades e baixou os preços das mensalidades, dando mais acesso a cursos de graduação, mesmo com a redução de vagas oferecidas pelo governo federal através do FIES”, comenta o executivo. 

Os cursos mais escolhidos pelos jovens negros são administração, engenharia civil e análise e desenvolvimento de sistemas, que oferecem boas perspectivas de estágio e carreira. As áreas corporativas que mais contratam estagiários negros são: Marketing e Comunicação representando 16,89% do total, seguidas por Engenharia Civil (9,87%) e Comercial (7,24%). 

Nos últimos anos, as organizações têm priorizado competências comportamentais e habilidades socioemocionais nos processos seletivos, e essa mudança visa maior inclusão. Por outro lado, políticas internas de desenvolvimento de talentos e acesso a cursos de línguas e demais habilidades têm crescido nas empresas.

“Apesar das empresas olharem para o potencial dos jovens e primeiro para soft skills, a qualificação técnica é necessária – se não for para ingressar, será para crescer e ganhar novos desafios. Os jovens têm criado consciência e aproveitado as chances de desenvolvimento que têm sido oferecidas. O desafio agora é dar chances para mais gente”, diz Mavichian.

Acesse o estudo completo aqui.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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