O cantor e compositor brasileiro Milton Nascimento compareceu à cerimônia do Grammy neste domingo (2), em Los Angeles, onde disputava o prêmio de Melhor Álbum Vocal de Jazz ao lado da cantora Esperanza Spalding. No entanto, segundo a artista, a produção do evento recusou oferecer ao brasileiro um assento na área VIP da premiação.
Indignada com a situação, Esperanza fez um protesto durante a premiação. Em suas redes sociais, publicou uma foto segurando uma imagem de Milton com a frase: “Essa lenda viva deveria estar sentada aqui”.
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Na legenda, a contrabaixista criticou a decisão da organização: “Milton foi recusado a sentar nas mesas principais. Isso não me agradou. Não estou falando de ganhar um Grammy, estamos comemorando a gloriosa vitória de Samara Joy. Estou falando de um assento físico… aqui, nesta mesa onde estou sentada. Estou brava porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para estar entre as pessoas da lista A. Então, tive que trazê-lo comigo”, compartilhou com seus seguidores.
Milton Nascimento compareceu à premiação e posou para fotos no tapete vermelho ao lado de Esperanza, mas não teve acesso ao setor privilegiado do evento. O Grammy na categoria disputada foi concedido a Samara Joy, que concorreu com os discos “Journey in Black” de Christie Dashiell, “Wildflowers Vol. 1” de Kurt Elling e Sullivan Fortner, “My Ideal” de Catherine Russell e Sean Mason, além do trabalho da dupla Milton e Esperanza.
A ausência de Milton Nascimento nas mesas principais gerou revolta entre os fãs. No Instagram e no X (antigo Twitter), internautas protestaram em massa. O nome do artista amanheceu entre os mais falados da rede social na manhã desta segunda-feira (3), no Brasil, com cerca de 75 mil postagens comentando sobre Milton Nascimento.
As postagens revezam entre pedido de respeito ao cantor e destaques à carreira do artista. “Sabe quem teria amado essa homenagem ao Quincy Jones? Milton Nascimento que, além de tão talentoso quanto, era amigo pessoal do músico e, infelizmente, foi impedido de se sentar nas mesas do Grammy desse ano”, publicou um produtor cultural.
Um legado ignorado pela premiação
Nascido no Rio de Janeiro em 1942, Milton Nascimento construiu uma trajetória marcada por inovação musical e reconhecimento internacional. Criado em Minas Gerais, teve seu primeiro contato com a música aos oito anos, quando ganhou uma gaita e uma sanfona. Nos anos 1960, ao lado de Lô Borges, Marilton Borges e outros artistas, fundou o Clube da Esquina, movimento que revolucionou a MPB ao misturar elementos do jazz, rock progressivo e ritmos brasileiros.
Com mais de 30 álbuns lançados, Milton teve suas canções gravadas por grandes nomes da música nacional e internacional, como Elis Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Björk, Duran Duran e Mercedes Sosa. Ao longo da carreira, já se apresentou em todos os continentes e foi indicado ao Grammy cinco vezes, vencendo em 1998 na categoria World Music.
Em 2025, o artista será celebrado no Brasil de maneira grandiosa. A escola de samba Portela, uma das mais tradicionais do país, prestará homenagem ao músico no desfile do Carnaval do Rio de Janeiro. O enredo, intitulado “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, promete exaltar sua obra e sua contribuição para a cultura brasileira.