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‘Nosso time não existiria’: em ação antirracista, Ceará reforça importância de atletas negros para o clube

Clube destaca importância dos jogadores negros na história do time e reforça combate ao racismo no futebol
Faixa do Ceará contra o racismo, durante jogo no Maracanã (RJ), no dia 9 de março de 2025.

Faixa do Ceará contra o racismo, durante jogo no Maracanã (RJ), no dia 9 de março de 2025.

— Davi Rocha/SVM

10 de março de 2025

O Ceará realizou uma ação antirracista antes da semifinal do Campeonato Cearense contra o Maracanã, no domingo (9), no Estádio Presidente Vargas. Como parte da campanha “Impedidos“, apenas os jogadores brancos entraram em campo inicialmente e permaneceram perfilados durante a execução do Hino Nacional. Em seguida, os atletas negros saíram dos vestiários segurando uma faixa com a mensagem:

“Se os negros também fossem impedidos de entrar em campo, nosso time não existiria. Diga não ao racismo.”

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Nos telões do estádio, o clube exibiu reportagens sobre casos de racismo no Brasil. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Disque 100 registrou mais de 5,2 mil denúncias de injúria racial em 2024.

Histórico do clube Ceará na luta antirracista

O Ceará reforçou a importância de atletas negros na história do clube, citando Gildo, maior artilheiro do time com 261 gols, campeão do Norte-Nordeste em 1969. O clube também relembrou campanhas anteriores de combate ao racismo. 

Em 2024, organizou um mosaico com a frase “fogo nos racistas” nas arquibancadas da Arena Castelão e lançou uma camisa em homenagem ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. No ano passado, a equipe homenageou o movimento hip-hop do Ceará.

Denúncia de racismo na semana da ação

A ação do Ceará ocorreu em uma semana marcada por uma nova denúncia de racismo no futebol. Na última quinta-feira (6), durante a vitória do Palmeiras sobre o Cerro Porteño pela Libertadores sub-20, os jogadores Luighi e Figueiredo foram alvos de ofensas racistas e gestos imitando macacos por torcedores paraguaios.

Luighi chorou no banco de reservas e cobrou um posicionamento das autoridades esportivas: “É sério isso? Não vai me perguntar sobre o caso de racismo que fizeram comigo? O que fizeram comigo foi um crime.” Apesar da denúncia, o árbitro não interrompeu a partida e os torcedores permaneceram no estádio.

O Ceará publicou uma nota de repúdio ao episódio, apontando a necessidade de medidas mais firmes contra o racismo no esporte. “Não podemos tolerar que esses criminosos atuem deliberadamente nos estádios”, disse o comunicado.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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