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RJ: mostra ‘Ladino-Amefricanas’ homenageia legado de Lélia Gonzalez

Serão apresentadas 23 obras de dez artistas negras e de um coletivo sediado na Argentina
Obra da artista Silvana Mendes.

Obra da artista Silvana Mendes.

— Divulgação/Silvana Mendes

23 de março de 2025

Como artistas contemporâneas negras da América Latina e do Caribe vêm expressando em suas obras a “Amefricanidade”. Essa é a proposta da exposição “Ladino-Amefricanas”, que inaugura a programação de 2025 do Instituto Artistas Latinas. O nome da mostra refere-se ao pensamento de uma das principais vozes da luta antirracista e antissexista na América Latina, a intelectual e ativista brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994).

A mostra procura confluências entre a produção artística de mulheres negras de diversos lugares do Brasil, Argentina e República Dominicana. O evento acontece até 22 de junho, na Galeria de Artes do Sesc Nova Iguaçu, com entrada franca.

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Serão apresentadas 23 obras de dez artistas negras e de um coletivo sediado na Argentina. O grupo inclui as brasileiras Aline Motta, Andrea Hygino, Ayra Aziza, Eneida Sanches, Jade Maria Zimbra, Lidia Lisboa, Lila Deva, Renata Felinto e Silvana Mendes, a artista da República Dominicana Yéssica Montero e o coletivo afro-feminista argentino Kukily.

Em elaboração desde 2023, a exposição parte da pesquisa da curadora Carolina Rodrigues, tendo participação também, como co-curadoras, de Ana Carla Soler e Francela Carrera, e expografia de Gisele de Paula. Com o conceito de Ladino-Amefricanidade, Lélia Gonzalez, que completaria 90 anos em 2025, chama a atenção para as características culturais, sociais e políticas africanas e ameríndias que moldaram a identidade dos povos das Américas do Sul e Central – a troca do T pelo D na expressão “ladino” remete a outro conceito da filósofa, o “pretuguês”. 

Segundo a curadora Carolina Rodrigues, a categoria social, política e cultural da Amefricanidade é um convite a diluir as fronteiras territoriais, linguísticas e ideológicas para encontrar caminhos que nos permitam recontar a história da América Latina e do Caribe a partir de matrizes afrocentradas e do legado indígena.

“Esse é um passo posterior ao entendimento de que as histórias construídas sobre esse território foram pautadas pelas referências europeias, principalmente considerando a latinidade como fator dominante – um discurso construído pelas narrativas brancocentradas”, diz ela.

A mostra reúne artistas de diferentes linguagens, que contemplam a multiplicidade de experiências, repertórios e possibilidades de construção de visualidades que transcendem os estereótipos imagéticos depositados sobre esse grupo social. A exposição aponta para a intenção de preencher a lacuna do diálogo entre diferentes territórios a partir de Lélia Gonzalez, com base em algumas questões estruturantes de seu pensamento, como a relação com a diáspora, a maternagem de mulheres negras como estruturante no pensamento e na linguagem, a preservação do legado afro-civilizatório, a força política da espiritualidade e das festividades, sua influência no inconsciente coletivo e a militância que transcende fronteiras no enfrentamento ao racismo.

“Longe de apresentar essa produção como um recorte específico no universo da América Latina, o projeto afirma a presença inquestionável do pensamento feminino negro no que se entende como universalidade nos complexos culturais apresentados”, diz Carolina.

Em 2025, o Instituto Artistas Latinas completa seis anos de atividade, com uma programação robusta, que reflete a maturidade da instituição. Além de Ladino-Amefricanas, ainda este ano haverá mostras no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, no Recife; no Centro Cultural dos Correios e no Museu do Amanhã, no Rio, todas com a participação de artistas brasileiras e internacionais, valorizando a produção da América Latina.

“Todo esse trabalho reafirma o nosso compromisso, enquanto instituição, de promover um intercâmbio do Brasil com países da América Latina, sejam eles da América do Sul, da América Central ou do Caribe, olhando também, cada vez mais, para fora do eixo Rio-São Paulo e colaborando para uma visão mais horizontal do sistema de arte”, conta Paulo Farias, presidente do Instituto.

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