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Covid-19: Maior cidade da África, Lagos enfrenta os desafios do isolamento social

6 de abril de 2020

Abuja, capital política da Nigéria, também está em sistema de isolamento social; medidas foram adotadas pelo governo para frear o avanço do coronavírus

Texto / Pedro Borges I Edição / Simone Freire I Foto / Acervo pessoal de Zainab Ahmed

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Desde o dia 30 de março, segunda-feira, quando o presidente Muhammadu Buhari anunciou o isolamento social em Lagos, cidade com cerca de 20 milhões de pessoas, as ruas estão vazias. Abuja, capital federal do país e também em quarentena decretada pelo presidente, e Lagos ficarão em isolamento social por duas semanas.

O isolamento social em Lagos e Abuja faz parte do esforço do governo federal de conter o avanço da Covid-19 nas duas cidades onde há mais casos na Nigéria. Dos 232 registros da doença até a noite de domingo (5), 120 foram feitos em Lagos e 47 na província onde está Abuja. Há também duas mortes e a recuperação de 20 pessoas no país, segundo o Centro da Nigéria de Controle de Doenças (CNCD).

Até o momento, as ruas em Lagos têm sido ocupadas por postos móveis das forças de segurança, que confirmam carro por carro se a pessoa tem autorização para circular pela cidade. Em Abuja, o presidente ordenou um processo de desinfecção para acabar com possíveis focos do vírus no município. O processo pode receber o reforço de 300 voluntários.

O governo tem se organizado para distribuir alimentos e materiais básicos em regiões mais pobres das duas grandes cidades. A meta é a de entregar comida, nos próximos 14 dias, para cerca de 200 mil famílias, o equivalente a 1,2 milhão de pessoas, segundo estimativas da administração. 

Economia e a infraestrutura para frear a pandemia

A ministra das Finanças, Orçamento e Planejamento Nacional, Zainab Ahmed, disse ao presidente Muhammadu Buhari que “as consequências do isolamento social são uma desaceleração adicional para a economia que nós temos de mitigar as consequências negativas da menor venda de produtos e do fechamento de negócios”.

À frente do Banco Central da Nigéria, Godwin Emefiele, afirmou ser preciso olhar com cuidado para a economia. “A economia global, como todos nós naturalmente sabemos neste momento, vai sofrer problemas de crescimento e até pode chegar a uma recessão global. Então nós estamos tentando ver o que nós, como um país, podemos fazer para recuperar a nossa própria situação para que a gente não vá para a mesma direção que muitos vão”, disse.

O Banco Central da Nigéria recebeu o apoio de empresas, bancos e sete bilionários, entre eles, Aliko Dangote, pessoa mais rica do continente, que prometeu a criação de centros de isolamento e tratamento. Ao todo, o país arrecadou cerca de 15 bilhões de naira, a moeda local, o equivalente a R$ 203 milhões.

O governo federal enviou 10 bilhões de naira para Lagos e 5 bilhões de naira para Abuja para o Centro da Nigéria de Controle de Doenças (CNCD), com a expectativa de expandir e fortalecer os laboratórios ao redor do país. Os valores equivalem a R$ 135 milhões e R$ 67 milhões, respectivamente.

O órgão de controle de doenças também recebeu uma doação do bilionário chinês, Jack Ma, de 100 mil máscaras descartáveis, dez mil roupas de segurança para os profissionais de saúde, mil máscaras de proteção mais seguras, 20 mil testes da doença para os estados com maior número de casos, como Lagos e Abuja.

O número de casos pode saltar nos próximos dias, na medida em que o organismo de controle tem ampliado a capacidade de averiguar as pessoas suspeitas e estende os critérios para averiguar quem tem ou não Covid-19. Antes, para além de demonstrar os sintomas de febre, tosse e dificuldade para respirar, era preciso ou ter viajado recentemente para um lugar com muitos casos ou ter tido contato com alguém testado de maneira positiva. Agora, os sintomas são suficientes para a checagem.

“Nós queremos que os nigerianos tenham em mente que nós temos a capacidade de testar as pessoas, mas nós queremos ter a certeza de que esses testes são usados da melhor maneira possível, no momento em que o estado e a nação não tem suplementos ilimitados”, disse o doutor Chikwe Ihekweazu, diretor geral do CNCD, em pronunciamento em Abuja.

Linha do tempo da doença na Nigéria

Primeiro caso detectado no país aconteceu no dia 27 de fevereiro. Na ocasião, o Ministério da Saúde isolou as 60 pessoas, nas províncias de Ogun e Lagos, que tiveram contato com o infectado.

No dia 9 de março, o presidente Buhari criou uma força tarefa nacional para enfrentar a Covid-19. No dia 18 de março, a Nigéria suspendeu voos de países com mais de mil casos registrados de coronavírus, como China, Itália, Irã, Coréia do Sul, Espanha, Japão, França, entre outros. As universidades e escolas foram fechadas no dia 20 de março e, no dia seguinte, os dois principais aeroportos, de Lagos e Abuja, também.

A Nigéria cancelou, no dia 23 de abril, o encontro do Conselho Federal Executivo (CFE) e do Conselho Nacional de Estado (CNE). As medidas de restrição para a circulação de pessoas se iniciaram de maneira mais aguda em 24 de março, na Capital Federal Territorial Administrativa, província onde está Abuja, com o fechamento de shoppings e outros locais de venda de produtos não essenciais. No mesmo dia, houve a ordem de fechamento das igrejas e mesquitas.

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