Os países vizinhos Etiópia e Somália, os maiores da região conhecida como chifre da África, realizaram um encontro diplomático para tentar superar um confronto ocorrido na segunda-feira (23) entre tropas dos dois países. O encontro busca reduzir as tensões entre as duas nações africanas.
O ministro das Relações Exteriores da Somália, Ali Mohamed Omar, reuniu-se com o chanceler etíope, Mesganu Arega, após forças dos países entraram em confronto no estado fronteiriço somali de Jubaland.
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Segundo a agência AFP, em Jubaland, estado semi-autônomo que entrou em conflito violento com o governo federal da Somália nas últimas semanas, tropas etíopes estariam protegendo um grupo de políticos locais de um ataque de forças somalis na cidade de Doolow.
O ministro somali expressou o “protesto e a condenação do governo à conduta das forças etíopes em Doolow”, de acordo com um comunicado. Já a chancelaria da Etiópia emitiu uma declaração negando qualquer desmando e afirmando, sem mais detalhes, que terceiros teriam “a intenção de desestabilizar o Chifre da África”.
O governo do estado de Jubaland afirma que as tropas federais somalis em Doolow tentaram abater um avião com seus políticos e que as forças etíopes, estacionadas na pista de pouso como parte de uma missão de contra-insurgência, interviram.
Apesar das tensões, tanto a Etiópia quanto a Somália demonstraram interesse em manter a recente reaproximação entre os países, intermediada pela Turquia.
Os dois países vivem atritos desde janeiro, quando a Etiópia assinou um acordo com outra região separatista da Somália — a Somalilândia. O acordo teria como fim a cessão de um trecho da costa da Somalilândia para um porto e uma base militar em troca do reconhecimento de sua independência, embora isso nunca tenha sido confirmado por Adis Abeba.
A Somália considerou esse suposto acordo como uma violação de sua soberania, o que provocou uma disputa diplomática e militar com a Etiópia.
Diante da crescente tensão, um acordo entre os países foi assinado em Ancara, com mediação da Turquia, em 12 de dezembro. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e o presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, se reuniram na capital turca e assinaram uma declaração propondo à Etiópia — que não tem acesso ao mar — uma entrada marítima na Somália.
Em sua declaração na terça-feira (24), a Etiópia disse que “valoriza e mantém seu compromisso de revitalizar e aprofundar as relações fraternas entre os dois países no espírito da Declaração de Ancara”. Já o Ministério das Relações Exteriores da Somália disse que eles falaram sobre o desejo de “harmonizar os esforços para a plena implementação” do acordo.