Com cinco editais publicados em 2020, Fundo Baobá deve lançar nos próximos meses mais dois editais, um de artigos e outro focado em educação e juventude
Texto: Flávia Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Fernanda Portella
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Os editais constituem a principal forma de atuação do Fundo Baobá, organização sem fins lucrativos fundada em 2011 para a promoção da equidade racial no Brasil. Em 2020, o Baobá se deparou com os desafios da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, e busca maneiras de atuar prevendo os efeitos pós-pandemia.
A diretora executiva Selma Moreira conta que a ideia do fundo surgiu após a Fundação Kellogg iniciar um diálogo com um grupo de intelectuais e ativistas negros para elaborar estratégias de fortalecimento de ações em prol da equidade racial para população negra brasileira a fim de mobilizar recursos, apoiar projetos e auxiliar no fortalecimento das organizações negras da sociedade civil. “Nasce com a missão de promoção de equidade racial, na perspectiva de funcionar com uma visão de organização a longo prazo, constituindo um fundo patrimonial”, afirma.
A Fundação Kellogg assumiu um compromisso de contribuir financeiramente para a consolidação de um fundo patrimonial, onde para cada R$ 1 doado em território nacional, o Fundo Baobá recebe outros R$ 3 da Fundação Kellogg. Para cada R$ 1 doado no exterior, o Baobá recebe outros R$ 2 – processo conhecido como matchfounding.
A história da diretora se junta a do Baobá em 2014. “Chego querendo fazer uso do acúmulo de experiência de uma vida na iniciativa privada e de consultoria em uma organização sociedade, civil, principalmente em termos de organização e governança, com as melhores práticas”, lembra Selma.
O ano da chegada da diretora executiva à organização foi também o ano do primeiro edital. “A nossa atuação se dá por meio dos editais. A gente capta recursos e retorna com os valores para a sociedade na forma de editais. Um fundo com características para o atendimento e investimento em organizações e lideranças negras de todo o território brasileiro, mas ainda com o recorte territorial de investimento para a região Nordeste”, pontua. Ao todo, já foram publicados 14 editais, dos quais a metade só nos últimos dois anos. Em 2020, até o momento, foram cinco.
O novo coronavírus trouxe vários desafios para o Fundo, ainda mais por se tratar de uma organização voltada à equidade racial. Segundo a diretora, houve a necessidade de fazer revisão de planos pensando em propositura de resposta rápida e apoio a pessoas e comunidades no combate e prevenção da doença. “Esse momento permitiu ao Baobá dar uma resposta às ações que pudessem prevenir o contágio de Covid-19. Dando visibilidade para o assunto, mas também às populações que são afetadas de maneira desproporcional pela doença e pelas desigualdades”, analisa.
Para este ano ainda há previsão de um edital de artigos e um focado em juventude e educação. Selma conta que a organização já começa a se debruçar para planejar as ações pós-pandemia. “Temos refletido e feito diálogos na perspectiva de trazer mais aliados e investidores nacionais e internacionais para o campo da equidade racial, considerando que o momento atual já nos apresenta efeitos bastante complexos no que diz respeito à saúde, educação, acesso a trabalho e renda”, destaca.
“Estamos olhando para saber quais os caminhos de construção, a médio e longo prazos, para continuar sendo o fundo que pode disponibilizar recursos e investimentos para que as comunidades e organizações negras consigam atravessar com um pouco mais de suporte e subsídio o momento de pós pandemia”, conclui.