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Mostra de artistas negros discute cotidiano periférico em São Paulo

A exposição organizada pelo coletivo Vilanismo fica disponível entre 6 de janeiro e 12 de fevereiro de 2024, no Complexo Cultural Funarte
A ilustração presente na exposição "Chora Agora" mostra dois jovens periféricos retratados em tinta óleo.

Foto: Daniel Mello

29 de dezembro de 2023

A autoestima da juventude periférica, o racismo e a violência são alguns temas abordados pelas obras da exposição “Chora Agora”, em cartaz no Complexo Cultural Funarte, localizado no centro de São Paulo. A mostra gratuita foi organizada pelo coletivo Vilanismo, projeto formado por artistas que discutem o lugar dos homens pretos na sociedade.

A exposição apresenta 23 trabalhos com diferentes técnicas de 18 artistas negros. Um dos projetos, intitulado “Casa Verde, Teles”, parte de uma fotografia montada em uma moldura de grades de ferro, típicas de portões residenciais, para retratar uma senhora que observa uma casa, em uma cena cotidiana da periferia.

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As pinturas sobre tecido de Guto Oca mostram um rosto negro com os dizeres “sereno” e “tranquilo”, para discutir a necessidade de homens negros em conter as próprias emoções.

Já a fotógrafa Daisy Serena traz o rosto de Mãe Bernadete, líder quilombola assassinada na Bahia, como a carta de tarô que remete à justiça, enquanto Andrea Lalli relembra as histórias de sua família ribeirinha, nos peixes bordados e pintados sobre peças de tecido.

Tecnologia ancestral indígena

Há sete meses, o grupo ocupa duas salas na sede da Fundação Nacional de Artes (Funarte), que, anteriormente, serviam como depósito. Nesse período, os artistas buscavam um local para estabelecer um ateliê e realizar reuniões.

Ao encontrarem o espaço ocioso na entidade vinculada ao Ministério da Cultura, os artistas propuseram a ocupação, limparam e reformaram o local, que por ser na capital, facilita o acesso aos integrantes que residem em diferentes extremidades da cidade.

“Quase tudo que a gente conseguiu até hoje foi na base do mutirão, uma tecnologia ancestral indígena”, destaca o fotógrafo Rodrigo Zaim, que também faz parte do grupo.

Além da produção artística, o coletivo funciona como uma rede de apoio, que propõe discussões sobre masculinidade e dispõe de um fundo de reserva financeira comum, que pode ser acessado por qualquer membro que necessite.

Serviço

Quando: de 6 de janeiro a 12 de fevereiro, segunda-feira, quarta-feira e sábado, das 11h às 19h

Onde: Complexo Cultural Funarte SP | Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo – SP

Entrada gratuita.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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