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Na Paraíba, primeira mostra de cinema negro mistura arte, luta e ancestralidade

Evento acontece online e totalmente gratuito neste fim de semana, com a exibição de 27 curtas e longas-metragens, além de palestras e conteúdos informativos 

Texto: Victor Lacerda | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação/Mostra Pilão

Paraíba sedia 1ª mostra de cinema negro do Estado

23 de abril de 2021

Abrir uma janela de visibilidade para prestigiar um cinema que mistura arte, luta e ancestralidade. Essa é a proposta da Mostra de Cinema Negro Pilão, primeira exposição itinerante de cinema afrocentrado realizada na Paraíba.  Os 27 títulos selecionados para a programação estão disponíveis, gratuitamente, pela plataforma Todes Play. Além das obras, palestras e conteúdos informativos serão exibidos até o próximo domingo (25). 

O título da mostra, “Pilão”, faz alusão ao instrumento secular, amplamente conhecido e utilizado na cultura e espiritualidade indígena e africana. Sua função é transformar, triturar, amassar ou moer alimentos para o corpo e para alma, afim de retirar deles o máximo da essência de sabor e aroma.

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Com curadoria das realizadoras paraibanas Norma Góes e Andrea Gisele e da baiana Melina Bonfim, os curtas e longas-metragens da programação trazem um novo olhar e despertar para a africanidade e a força dos povos originários preservadas na veia cultural ancestral. Tudo isso sem esquecer de evidenciar a urgência de criação de novos espaços de exibição para o fortalecimento dessa rede.

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Primeira mostra de cinema afrocentrado da Paraíba

Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, a idealizadora da mostra Carine Fiúza indica algumas das razões que levaram a realização da primeira mostra afrocentrada apenas este ano.  “Foi necessário tempo para um alinhamento e certa maturidade por parte dos técnicos do audiovisual do Estado, especificamente pessoas negras que trabalham com audiovisual na Paraíba, e também o interesse público de ver outras narrativas ou de se ver a partir de uma outra perspectiva, não hegemônica no caso”, explica.

“Era necessário esse alinhamento para que a gente pudesse, de alguma forma, se juntar. A Mostra Pilão vem como um processo de reconhecimento e de acolhimento dessa massa que pensa questões raciais relacionadas ao audiovisual, seja ela da parte técnica, criativa ou de quem consome, no seu tempo”, pontua Carine.

Sobre os impactos que a iniciativa pode trazer para a cadeia de produção audiovisual da Paraíba, a realizadora cita reações de acolhimento e reconhecimento de quem faz e quem consome o audiovisual negro local.

“Tem sido uma das coisas mais interessantes do processo, de perceber que as pessoas conseguem se enxergar enquanto pessoas negras realizadoras do audiovisual e enxergarem os outros. Assim, o evento vem como um meio de saber que estamos juntos em uma mesma caminhada e que existem questões em comum ou divergentes, mas que, no fim, formamos todos um grupo”, conta.

As sessões disponíveis na mostra são “Cine-Catimbó”, “Nas Ruas da Cidade”, “Benditas Sejam Entre Nós”, “Negra Sintonia”, “Costurando Saberes”, “O Oro de Nossas Utopias” e “Deslocamentos Tatuados”. Como exclusividade do evento, a estreia do curta paraibano ‘Lebara’, do Diretor Sérgio Ferro (PB), marcada para o próximo sábado (24) e ficará disponível na plataforma por 24 horas. 

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“Torço para que a gente consiga com esse engajamento a partir do cinema negro alcançar mais políticas públicas não só para nossa população preta como também para todos os artistas envolvidos no processo de produção audiovisual local. Esperamos que o evento reverbere nas obras e na militância política em prol do audiovisual”, finaliza Carine.

A programação completa está disponível no instagram da Mostra Pilão e na plataforma de exibição oficial. A Mostra Pilão é resultado da Lei Federal de Emergência Cultural Aldir Blanc e viabilizada pelo chamamento público do Município de João Pessoa por meio da Fundação Cultural de João Pessoa.

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