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Crítico de cinema que chama racismo de ‘vitimismo’ ganha cargo na Fundação Palmares

Novo diretor possui histórico de falas racistas e é apoiador de Jair Bolsonaro; não é a primeira vez que Sérgio Camargo nomeia pessoas com perfil incompatível às atribuições da fundação

Texto: Caroline Nunes | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução/YouTube

Crítico de cinema que chama racismo de 'vitimismo' ganha cargo na Fundação Palmares

Crítico de cinema que chama racismo de 'vitimismo' ganha cargo na Fundação Palmares

19 de abril de 2021

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, nomeou o crítico de cinema Marcos Petrucelli como diretor de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira nesta segunda-feira (19). Petrucelli apoia o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e possui pensamento contrário às pautas ligadas ao movimento negro.

O histórico do crítico de cinema é marcado por comentários pejorativos à negritude e aos movimentos sociais. Um dos alvos de Petrucelli foi o diretor norte-americano Spike Lee, chamado de vitimista por ele por abordar temas relacionados ao racismo em seus filmes. Além disso, o diretor nomeado também nega a violência racial, com a afirmação de que os negros não são agredidos gratuitamente por um “cidadão normal”.

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O treinamento para jornalistas negros, anunciado pelo jornal Folha de S. Paulo a fim de promover a diversidade racial na redação, foi chamado de “preconceito declarado” por Petrucelli, que em outra ocasião classificou o Haiti como país “mais pobre e mais bosta do Caribe”, após um haitiano ter ido ao Palácio da Alvorada criticar o presidente  Bolsonaro.

Outras nomeações controversas 

Não é a primeira vez que Sérgio Camargo nomeia apoiadores de Jair Bolsonaro e pessoas que não têm especialidade na temática racial para cargos importantes do órgão público, cujo foco é promover a cultura negra e proteger o patrimônio afro-brasileiro.

Em maio de 2020, o 1° Sargento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, Raimundo Nonato, foi instituído coordenador-geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC). O militar nomeado não possui nenhuma formação focada nos estudos da cultura ou população negra.

Outra nomeação, mais recente, foi a do ex-assessor do antigo secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, demitido por apologia ao nazismo, nomeado coordenador-chefe do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra pelo presidente da Fundação Palmares.

De acordo com a jornalista Rosane Borges, que foi coordenadora-geral do CNIRC em 2013 e é professora colaboradora do Grupo de Pesquisa Estética e Vanguarda (ECA-USP), quando se nomeia pessoas sem expertise para esses cargos é impossível alcançar a superação dos problemas sociais.

“O presidente da Palmares está em consonância com o que é esse governo. Para cada nomeação a gente sabe que se trata da reafirmação ostensiva brutal de eles dizerem ‘nós estamos aqui para matar, asfixiar, para não fazer acontecer’.”, avalia.

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