PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Oficinas online de Yorubá e Guarani estão com inscrições abertas para outubro

2 de outubro de 2020

As oficinas trazem educadores que estudam e vivenciam as línguas e culturas Yorubá e Guarani e sua importância na formação sociocultural brasileira

Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A Coletiva Tear & Poesia de Arte Têxtil Preta Nativa está com inscrições abertas para as oficinas de língua e cultura Yorubá e Guarani. Diante da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, todas elas acontecem gratuitamente de forma virtual entre os dias 5 e 22 de outubro.

As aulas trazem a importância dos dois idiomas na formação sociocultural do país, mostrando suas influências nos hábitos e costumes da população brasileira, seja na língua, alimentação, religião ou nas artes.

As oficinas serão transmitidas por meio de vídeos gravados previamente. As de Yorubá acontecem de 5 a 13 de outubro, às 19h30, sendo dois dias reservados para tirar dúvidas. Já as de Guarani serão realizadas entre os dias 19 e 22, também às 19h30.

Idealizados por mulheres reunidas na Coletiva Tear e Poesia, que existe na zona sul da capital paulista há 20 anos, os encontros online integram o “Projeto Pangeia Entre Elos: Palavra de Mulher”, que tem como objetivo pesquisar as teorias da pangeia e a relação dos grafismos africanos com os grafismos nativos das populações indígenas brasileiras.

Chama-se pangeia o fenômeno ocorrido há mais de 200 milhões de anos, quando os continentes formavam uma única massa. O “supercontinente” foi pouco a pouco se separando em pedaços, a partir de acontecimentos naturais, transformando-se no que hoje conhecemos.

Segundo a coordenadora da coletiva, Rita Maria, o intuito com as oficinas é dar uma base cultural e linguística às pesquisas que a organização realiza sobre as similaridades entre esses grafismos. Até o fim do ano a coletiva pretende também lançar um livro em bordados e textos trazendo a pesquisa da ancestralidade africana e indígena e como se relacionam às vivências das mulheres nas periferias.

“Temos como foco dialogar com a mulher em diáspora, tanto imigrantes africanas quanto latino-americanas e caribenhas, mostrando também semelhanças entre grafismos nativos brasileiros, indígenas, e africanos, buscando identificar similitudes sutis pouco estudadas e menos difundidas entre culturas originárias daqui e de África”, explica.

A importância do Yorubá no Brasil

As oficinas de Yorubá serão ministradas por Prince Adewale Adefioye Adimula, de 50 anos. Nascido na cidade de Ilê Ifé, estado Osun da Nigéria, Prince chegou no país em 2001 e, em 2019, também naturalizou-se brasileiro. Desde a chegada, é sacerdote Baba Adimula em casas de religião de matriz-africana.

É líder de jovens africanos da Comunidade Yorubá de São Paulo e atua, ainda, no Centro Cultural Adimula promove o intercâmbio cultural e histórico entre brasileiros e nigerianos, trazendo importantes figuras religiosas para cá ou realizando excursões para distintas regiões da Nigéria. “O Yorubá é muito usado no Brasil como ferramenta da liturgia nos cultos de Candomblé. A raiz é única, mas há particularidades que recebeu em território brasileiro, se diferenciando daquele que é falado na Nigéria, Benin ou Costa do Marfim”, conta.

A importância da língua e cultura Guarani

As oficinas de Guarani serão orientadas por Tupã Sérgio e Tapaiyuna dos Santos kitãulhu, ambos da Aldeia Tape Mirim (Tenondé Porã), em Parelheiros, extremo-sul da cidade de São Paulo. Agricultor, Tupã Sérgio entende que “a cultura brasileira é a cultura guarani”.

Para ele, aprender a língua é uma forma de colaborar com as lutas dos povos indígenas, já que ainda há muitos preconceitos e estereótipos ligados aos povos que vivem em regiões urbanas. “É importante aprender para também ter respeito e valorizar a nossa cultura. Uma pessoa veio aqui e disse que éramos ‘modernos’ porque tínhamos celular e vestíamos roupas”, explica.

De acordo com Tupã Sérgio, um dos maiores ensinamentos que obteve com seus mais velhos foi o Xondaro, conhecida como a arte marcial dos guaranis, servido também como um ritual de transição da adolescência para a vida adulta dos indígenas guaranis, com aspectos tanto físicos, quanto comportamentais e espirituais. “Isso me influenciou bastante. Na prática do Xondaro, aprendi a plantar, respeitar a natureza, os animais e as crianças”, relata.

A coletiva Tear & Poesia

A Coletiva Tear & Poesia de Arte Têxtil Preta Nativa é constituída por mulheres residentes da periferia da zona sul da cidade de São Paulo, que atuam há mais de 20 anos na região, com uma trajetória de participações em eventos, espaços e atividades como ilustração do livro Santo Amaro em Rede do SESC; Virada Cultural, Programa Pétala por Pétala – SESC Interlagos; Saraus e Feiras Literárias.

Bordam em estilo ancestral como forma de luta por igualdade de oportunidades e direitos e valorização da beleza e identidades de negras e indígenas. Se autodenominam “tecelãs do verso”, pois bordam poemas e histórias ligadas à memória afetiva e herança cultural feminina, com questões ligadas às mulheres negras e indígenas, as crianças, a natureza, a culturas populares, tendo cantos, danças tradicionais e brincadeiras da cultura popular como estimuladores em suas oficinas.

Serviço:

Oficinas de Língua e Cultura Yorubá e Guarani

Data: 5, 6, 7, 8, 9 e 13 de outubro (Yorubá) | 19, 20, 21 e 22 de outubro (Guarani)

Horário: sempre às 19h30

Quem pode participar: livre para todos os públicos

Link para inscrições em Yorubá: http://bit.ly/oficinas-yoruba
Link para inscrições em Guarani: http://bit.ly/oficina-cultura-lingua-guarani

Site: www.tearepoesia.com
Facebook: www.facebook.com/tearepoesia
Instagram: www.instagram.com/tearepoesia

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano