Exposição fotográfica revela as relações de afeto nos terreiros de Candomblé
Texto / Divulgação
Imagem / Roger Cipó
Depois de seu lançamento no importante Festival de Fotografia do Rio de Janeiro (FOTORio 2017), na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea e temporada na Aparelha Luzia – quilombo urbano de circulação de artes pretas em São Paulo -, a exposição AFÉTO, do jovem fotógrafo Roger Cipó, chega a Salvador. Com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, a mostra que chama atenção para as relações de afeto constituídas dentro dos terreiros de Candomblé, será inaugurada na Casa do Benin, na terça-feira, 23 de janeiro, as 18H.
Ao percorrer dezenas de terreiros no estado de São Paulo e Rio, e vivenciar as diferentes manifestações de fé afro-brasileira, Cipó apresenta raras e delicadas imagens revelando a interação dos fiéis entre si, como uma família ao redor de suas obrigações sagradas, e durante as cerimônias, quando os orixás manifestam seu afeto por meio de suas sacerdotisas e sacerdotes. Um novo olhar para as práticas pretas de fé, sob a ótica de um fotógrafo, que no candomblé, é Alabê (responsável pela orquestra dos atabaques).
De acordo com o artista, que na abertura receberá fotógrafos, fotógrafas e público para um bate papo sobre fotografia preta, mais que um registro documental sobre um aspecto específico do Candomblé, o trabalho reitera a importância das relações interpessoais como forma de resistência da cultura afro-brasileira e fortalecimento da identidade do povo de axé, a partir da experiência de fé nos orixás, evidenciando o terreiro como espaço de acolhimento, em resposta a uma cultura de segregação e ódio fomentado pelo racismo.
AFÉTO em reflexão ao Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa
A mostra teve grande repercussão inicial ao ser exibida sobre o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, e chega a Salvador na semana do Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa, data escolhida para relembrar a memória de Mãe Gilda do Ogum. Símbolo da luta pela liberdade religiosa dos povos de terreiro, a Ialorixá Gilda dos Santos faleceu em 21 de janeiro de 2000 em decorrência das diversas violências sofridas após ter seu rosto estampado em um jornal evangélico a acusando de charlatã. O crime de ódio seguiu de agressão físicas a seus filhos de santo, invasões ao seu terreiro, Abassa de Ogum, o que agravou o estado de saúde da sacerdotisa, provando sua morte. Para o fotógrafo e as organizações responsáveis pela realização, AFÉTO traz uma mensagem respeito a fé, por uma cultura de paz e liberdade de crença.
Serviço:
Abertura: 23 de janeiro de 2018 – 18H
Visitação: 24 de janeiro a 03 de março de 2018
Segunda à sexta das 10h às 17h
Rua Padre Agostinho Gomes, 17 – Pelourinho – Salvador- fone: (71) 3202-7890
Grátis