A nova exposição do artista visual Ramo, chamada ‘Vilão’, entra em cartaz na próxima terça-feira (25) e segue até 25 de abril, pela Diáspora Galeria, na Casa Preta Hub, em São Paulo. As 32 obras, entre pinturas, esculturas e objetos, buscam provocar reflexões sobre a marginalização imposta à cultura negra e que dá face a um processo de exclusão.
Além disso, a mostra procura racionalizar a tirania colonizatória em contrapartida à resistência negra. Nesse contexto, o artista retrata um ‘vilão’ que desafia a ordem imputada nos valores de nobreza e pureza do ‘brancocentrismo’ para existir e persistir em uma sociedade historicamente excludente.
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“O racismo cobra do vilão, associado diretamente à figura do homem preto, um processo de intensa percepção de sua importância para a comunidade, principalmente junto aos seus pares. A experiência fragmentada é a mais comum a este vilão, e isso ocorre pelo fato de ele ser um alvo constante em diferentes situações e comunidades”, explica o artista visual.
Segundo Lorraine Mendes, curadora da mostra, o grande ato de resistência retratado na exposição está “na construção de um sujeito que não se aparta de si. Ao contrário, remonta-se em meio aos escombros, habita a travessia do espelho e, no reflexo, percebe e acolhe o seu igual”.
A concepção da exposição dialoga com a trajetória do trabalho artístico de Ramo. Com olhar voltado à construção de um legado para além de sua formulação estética, o artista busca usar referências da capoeira, da cultura quilombola e das atividades da Irmandade da Boa Morte para criar uma identificação real com seus pares, num movimento de contragolpe ao centenário da Semana de 22, que, de acordo com Ramo, ocorreu por parte de uma elite que não conhecia o seu próprio povo e o estigmatizava em suas obras.
Pintura da exposição ‘Vilão’ | Crédito: Acervo pessoal
A exposição ‘Vilão’ também é projetada em três núcleos. O primeiro deles diz respeito aos ‘escombros’, que, além do retrato do espaço ocupado pelos excluídos, também toma inspirações no período pandêmico e seus efeitos diante dessas populações. Parte das obras presentes nesse núcleo é feita em cerâmica e outras são feitas de resíduos de reformas de residência, baseando-se em colunas e vigamentos.
O segundo grupo é dedicado à bricolagem, com objetos construídos para proporcionarem diferentes níveis de interação com o público, tendo como ponto em comum a dessacralização do viés ocidental de arte e aproximação das sacralidades afro-ameríndias.
No último núcleo, há o diálogo com o movimento de intersecção da mostra com os propósitos feministas, contando com colaborações de parceiras que exaltam a força do coletivo na busca por igualdade e no poder do aquilombamento em favor das lutas conjuntas.
Artista Ramo
Roger Ramos é natural de Mauá, em São Paulo. Ele tem graduação em Artes Plásticas pela Faculdades Integradas Coração de Jesus e especialização em Gestão Cultural Contemporânea. O artista já teve seus trabalhos expostos em espaços como o Museu de Arte do Rio, o Museu da Diversidade Sexual – SP e a Fundação Nacional de Artes (Funarte).
Serviço
Exposição ‘Vilão’
Artista: Ramo
Curadoria: Lorraine Mendes
Quando: 25 de janeiro a 25 de abril de 2022
Onde: Diáspora Galeria
Endereço: Av. Nove de Julho, 50 – Bela Vista
Horário de visita: De segunda a sexta, das 10h às 18h
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