O Governo Federal anunciou os valores atualizados do pagamento do Bolsa Família, que chega a uma média de R$ 683,75 por grupo familiar contemplado. A moradora da periferia de Guarulhos (SP), Solange Aparecida de Souza, afirma que utiliza o dinheiro para seus dois filhos. Ela recebeu no mês passado o valor de R$ 602, verba utilizada principalmente para saúde e vestuário.
“Meus filhos estão em fase de crescimento, então, perdem a roupa muito rápido. No mês passado precisei comprar agasalho, porque aqui faz muito frio. Além disso, a minha caçula faz tratamento para bronquite, e preciso de remédios mensais para cuidar”, afirma a dona de casa.
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Solange pontua que apesar de não ser um valor alto, consegue agregar o que recebe do Bolsa Família com as encomendas de crochê que produz, para complementar a renda. Mãe de um casal – um menino de cinco anos e uma menina de dois – ela explica que o orçamento da família é composto pelo salário do marido (R$ 1.550), o benefício do governo e os tapetes de crochê, que rendem, em média, R$ 400 por mês.
Já a mãe-solo Célia Araújo Freitas afirma que o valor do Bolsa Família vai todo para complementar a alimentação do filho de nove anos. A faxineira contou à Alma Preta que o gasto com comida é alto em sua casa, já que seu filho convive com o diabetes tipo 1.
“Comprar produtos diet sai muito mais caro, então praticamente o Bolsa Família vai tudo nessas coisas. Já que tenho medo do meu filho comer merenda na escola e passar mal, eu mando lanche para ele todo dia, o que aumenta ainda mais o meu gasto”, explica. “São coisas que só as mães entendem”, completa.
Mulheres contabilizam 58% dos beneficiários
“Mulheres terem prioridade para receber o benefício é uma medida justa, pensando que existem diversas mães que criam os filhos sozinhas”, destaca Célia.
Os dados do Governo Federal sobre o Bolsa Família revelam que essa informação é verdadeira: mulheres são a maioria entre os beneficiários do programa. De um total de 55.144.191 pessoas que recebem o benefício, 58,1% são do sexo feminino, totalizando 32.022.141 mulheres.
Além disso, as mulheres também são a maioria entre os responsáveis familiares, com 83,7% dos recursos sendo repassados em seu nome, o que equivale a 17.446.282 mulheres.
Outro dado é que 73% dos beneficiários, ou seja, 40.132.986 pessoas, se autodeclaram pretas ou pardas. Além disso, o programa beneficia 928.798 famílias consideradas prioritárias, devido à sua condição de maior vulnerabilidade.
Dentre essas famílias prioritárias, estão incluídas: 225.582 famílias com pessoas indígenas, 253.787 famílias com pessoas quilombolas; 379.783 com pessoas catadoras de material reciclável; 66.226 famílias com pessoas resgatadas de trabalho análogo à escravidão; e 11.136 famílias com crianças em situação de trabalho infantil.