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Alunos da Escola de Teatro da UFBA protestam contra abandono do prédio em construção

Segundo os alunos, o último repasse de recursos para a UFBA não contemplou a Escola de Teatro, deixando a instituição sem poder realizar os projetos necessários para a retomada das obra
Alunos da Escola de Teatro da UFBA protestam contra abandono do prédio em construção.

Alunos da Escola de Teatro da UFBA protestam contra abandono do prédio em construção.

— Brenda Urbina

1 de fevereiro de 2025

A trilogia performativa “A-sombra-ação”, desenvolvida pelos alunos de Interpretação Teatral da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), será apresentada no dia 7 de fevereiro, às 18h, como um ato de protesto contra o abandono prolongado do prédio da escola, localizado no bairro do Canela, em Salvador.

A performance surge como resposta à invisibilização e aos desafios enfrentados pela comunidade artística local, reflexo do descaso com o espaço cultural.

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Criada coletivamente na disciplina Rito e Performance, a obra utiliza a Performance Art como meio de denúncia e resistência, ressaltando o impacto da falta de território para a expressão e o ensino das artes cênicas. Inspirados na obra “Fantasmagorías Brxsil”, de Padmateo, e em trabalhos como “Madresmorta”, de Marcinha Baobá, os estudantes exploram uma poética espectral para dar voz às dores e indignações da comunidade teatral.

Estrutura da trilogia

A- O primeiro momento reúne experimentos de som, máscaras e expressão corporal, apresentados nos arredores do casarão da Escola de Teatro. Com performances artísticas, os alunos denunciam o abandono do prédio e a precarização do ensino.

Sombra- Na segunda etapa, o grupo apresenta uma instalação composta por projeções de vídeo-performance, luzes e poemas sonorizados. As projeções sobre tecidos brancos cercam simbolicamente o prédio abandonado, evocando sombras que ecoam o sofrimento e a resistência da comunidade teatral.

Ação! Encerrando a trilogia, a última parte será realizada no dia 14 de fevereiro de 2025, às 17h, em frente ao prédio da Reitoria da UFBA. Inspirada na estética do lambe-lambe, a ação combina colagens fotográficas de edifícios abandonados na universidade com frases impactantes, destacando a urgência da revitalização dos espaços.

De acordo com os alunos, “A-sombra-ação” transcende a condição de protesto: é um grito artístico e coletivo, convocando a sociedade a refletir sobre o abandono do patrimônio público e a invisibilidade imposta aos artistas em formação. Mesmo sem um espaço físico digno, os estudantes reafirmam a presença e a força transformadora da arte.

Obra interrompida na Escola de Teatro

Fundada em 1956 pelo então reitor Edgard Santos, a Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA) é a primeira instituição de ensino superior dedicada ao teatro no Brasil e na América Latina. Desde sua criação, desempenha um papel fundamental na formação de profissionais das artes cênicas e na valorização da cultura teatral no país.

Sob a direção inicial de Eros Martim Gonçalves, a escola foi instalada no Solar Santo Antônio, um espaço de arquitetura histórica e exuberante área verde, adaptado ao longo dos anos para atender às necessidades acadêmicas e artísticas. Em 1958, foi inaugurado o Teatro Santo Antônio, posteriormente reformado e renomeado como Teatro Martim Gonçalves, um importante palco para experimentações e apresentações teatrais.

A evolução da escola trouxe expansão estrutural e acadêmica, incluindo a implementação do curso de licenciatura nos anos 1980 e a criação do programa de pós-graduação no final da década de 1990. Essa ampliação gerou a necessidade de novas instalações, culminando em projetos de expansão, como a modernização do Teatro Martim Gonçalves e a construção dos laboratórios cênicos.

No entanto, as obras de ampliação iniciadas em 2012 enfrentaram diversos desafios. Interrompidas por questões contratuais e pela crise financeira que impactou as universidades públicas, a construção sofreu novos atrasos devido à pandemia da COVID-19. Em 2024, o último repasse de recursos para a UFBA pelo PAC das Universidades não contemplou a Escola de Teatro, deixando a instituição sem os projetos executivos necessários para a retomada das obras.

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