PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Articulação Negra de PE cobra recorte racial nos dados sobre população vacinada

Em carta encaminhada para a Secretaria de Saúde do Estado, entidade reivindica sistematização e transparência sobre os dados, além de reafirmar a importância dos cuidados sanitários para com a população que mais sofre com a pandemia

Texto: Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Evan Schneider/ONU

Articulação Negra de PE cobra recorte racial nos dados sobre população vacinada

Articulação Negra de PE cobra recorte racial nos dados sobre população vacinada

29 de março de 2021

Como meio de combater o racismo e os seus desdobramentos no estado, a Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), que reúne ativistas e coletivos negros, enviou uma carta para a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) cobrando maior detalhamento sobre os dados da população negra já vacinada. Entre as reivindicações, a entidade pontua a necessidade de maior transparência e sistematização das estatísticas sobre a COVID-19 e raça. 

Assim como ocorre em grande parte dos estados brasileiros, em Pernambuco, a maioria da população é negra – 63%, de acordo com o censo do IBGE. Apesar da presença majoritária, dados da Agência Pública mostram que, até agora, dos 4,5% (8,5 milhões de pessoas) da população brasileira vacinada com a primeira dose até o dia 14 de março, apenas 1,48% (1,7 milhão de pessoas) da população negra foi vacinada com a primeira dose no país. Com isso, cresce a preocupação com o atendimento sanitário dessa população historicamente marcada como a mais suscetível às vulnerabilidades sociais e econômicas no país.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

“Os dados irreais produzidos até o momento em nível nacional e ausência de dados em Pernambuco dificultam a tarefa de garantir que o racismo institucional não se sobreponha à necessidade de cuidar daqueles e daquelas que socialmente vivem maiores condições de vulnerabilidade, que, sem nenhuma dúvida, é o povo negro”, afirma a entidade em carta enviada. 

Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, um dos coordenadores da articulação, Henrique Costa, pontuou a motivação e a perspectiva de melhor com o envio do documento: “Os cuidados com a saúde também são atravessados pelas iniquidades sociais, que nos colocam em um lugar de menos assistência e atenção. É muito nítido para nós que essa problemática, em contexto de pandemia pela COVID-19, não foi diluída. Por isso que enviamos a carta, para que não se propague injustiças raciais e que haja uma melhora no processo de levantamento de dados, sobre infecções, óbitos e na vacinação”, afirma Henrique. 

Para a ANEPE, o racismo institucional não deve se sobrepor aos cuidados com a saúde da população negra, que, mesmo com dados defasados ou de difícil acesso, segundo a entidade, já apontam um protagonismo no número de acometidos pelo vírus. A entidade afirma estar aberta para conversar com o Governo de Pernambuco e o secretário de saúde, André Longo. 

A entidade aguarda posicionamento da Secretaria de Saúde, que em resposta à Alma Preta, não informou o quantitativo sobre o número de pessoas negras vacinadas: “A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) acatou, por determinação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), desde o início de junho, o preenchimento do quesito raça/cor nas fichas de notificação e tornou o critério obrigatório. O preenchimento das notificações é realizado pelas unidades hospitalares”. A Anepe sugere o uso de dados fornecidos pelo cadastro no Conecta Recife – plataforma de atendimento aos cidadãos moradores da capital pernambucana, produzido pela Prefeitura do Recife – afirmando a possibilidade de mapeamento. 

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano