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Defensoria Pública pede anistia coletiva para Ligas Camponesas por violações na ditadura

Para o defensor público federal Bruno Arruda, pedido busca assegurar as políticas de reparação às vítimas da ditadura
Foto mostra antigos membros das Ligas Camponesas, na Paraíba.

Foto mostra antigos membros das Ligas Camponesas, na Paraíba.

— Reprodução / Memorial das Ligas e Lutas Camponesas da Paraíba

5 de junho de 2024

A Defensoria Pública da União (DPU), em conjunto com a ONG Memorial das Ligas e Lutas Camponesas da Paraíba, enviou um pedido ao governo federal solicitando a anistia coletiva para as Ligas Camponesas do estado paraibano. O requerimento foi entregue ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e será analisado pela Comissão de Anistia da pasta.

O pedido busca reconhecer e reparar as violações de direitos humanos sofridas pelos trabalhadores rurais durante a ditadura militar, especificamente entre os anos de 1958 e 1981. O documento cita casos emblemáticos, como Pedro Fazendeiro, membro da Liga que foi preso, torturado e morto pelos militares.

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“As Ligas Camponesas, formadas por trabalhadores rurais que lutavam por reforma agrária e melhores condições de vida, foram alvo de perseguições, torturas, desaparecimentos forçados e assassinatos”, diz nota da DPU. 

Com base em fichas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e relatos da Comissão Nacional da Verdade, a Defensoria aponta que a repressão às Ligas Camponesas não foi um conjunto de ações isoladas, mas compôs uma “política sistemática de controle social e eliminação de opositores do regime” que impactou duramente centenas de camponeses. 

Como medida de reparação, o requerimento pede que as violências cometidas sejam reconhecidas publicamente, além da implementação de políticas específicas de reforma agrária, da demarcação e desapropriação de terras para a reforma agrária e a recuperação de arquivos históricos que documentam as atrocidades cometidas contra os camponeses. 

O defensor público federal e coordenador executivo do Observatório Nacional de Memória, Verdade e Justiça de Transição, Bruno Arruda, entende a ação de anistia como fundamental por reconhecer a dimensão coletiva das violações cometidas.

“A luta por reforma agrária e melhores condições de vida no campo foi brutalmente reprimida, e é nosso dever garantir que essas histórias sejam contadas e que as reparações sejam realizadas”, explica.

Para Arruda, a solicitação vai além de um ato simbólico e tem como objetivo assegurar que as políticas de reparação sejam efetivamente implementadas, para o reconhecimento do sofrimento das vítimas e a promoção de mudanças sólidas na estrutura fundiária nacional. 

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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