A base da pirâmide salarial no Brasil é historicamente ocupada por mulheres pretas; em 2019 elas receberam R$ 1.658,04 a menos que homens brancos
Texto: Flávia Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Sora Shimazaki/Pexels
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Um pouco mais de R$ 40 foi o valor da diminuição da diferença salarial entre um homem branco e uma mulher preta no Brasil entre 2015 e 2019. O dado pertence ao estudo Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia. As informações são do ano passado e foram divulgadas somente em outubro de 2020. Em 2019, a média do salário de uma mulher preta, no Brasil, foi R$ 1.658,04 menor que a de um homem branco.
A média do salarial de um homem branco foi de R$ 3.567, enquanto a mulher preta recebeu, em média, R$ 1.909. Em 2015, a diferença era de R$ 1.698,87. O que implica dizer que, ao longo de cinco anos, houve um avanço de apenas R$ 40,83 no sentido da equiparação salarial entre os dois grupos demográficos.
O levantamento ainda informa que em 2019 houve redução real na remuneração média, atingindo R$ 3.156,02. Em relação a 2018, a remuneração média real diminuiu R$ 42,03, equivalente a -1,31%. Já em relação ao gênero, a retração do rendimento médio refletiu, principalmente, na remuneração dos homens (-1,65%, -R$ 56,30). A remuneração salarial das mulheres era de mulheres (-0,71%, -R$ 20,88) era 13,58% menor do que a dos homens, ou seja, uma diferença de R$ 456,42.
Do ponto de vista da raça ou cor, destaca-se que apenas a amarela (+0,49%, +R$ 19,86) apresentou aumento da remuneração média em relação ao ano anterior. Por outro lado, a indígena (-5,61%, -R$ 149,75) apresentou a maior retração.
Instituído pelo Decreto nº 76.900, de 23 de dezembro de 1975, de âmbito nacional, periodicidade anual, a Rais é de declaração obrigatória para todos os estabelecimentos do setor público e privado, inclusive para aqueles que não registraram vínculos empregatícios no exercício. A Rais 2019 teve um universo de 7,9 milhões de estabelecimento declarantes, sendo 3,8 milhões de estabelecimentos com empregados (48,07%) e 4,1 milhões de estabelecimentos sem empregados (51,93%).