Time goiano perdeu de 3 a 0, em casa, para o Brusque FC, de Santa Catarina, no dia 2 de janeiro; ofensa racista foi denunciada pela assessora de imprensa do time visitante
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Reprodução
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O dirigente Vinícius Marinari do Vila Nova FC, de Goiás, chamou de “macaco” um jogador do Brusque FC, de Santa Catarina, durante o segundo tempo do jogo pela série C do campeonato brasileiro que aconteceu em Goiás, no sábado (2). O time da casa perdeu por três a zero. A ofensa foi ouvida pela assessora de imprensa do Brusque, que estava na arquibancada onde também estava o dirigente Marinari.
Por conta da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, o jogo foi realizado sem torcida, o que permite ouvir com mais clareza a reação e o posicionamento da equipe técnica que acompanhava o jogo.
O time catarinense fez uma postagem em uma rede social denunciando o racismo e a injúria racial. “Um dirigente do Vila Nova chamou o atleta (*) de macaco, se referindo a cor da pele dele”. A publicação foi feita na mesma data.
Após uma falta sofrida pelo jogador do time visitante, a assessora de imprensa ouviu Vinicius Marinari gritar: “levanta daí, seu macaco”. A assessora disse à Alma Preta que o estádio é pequeno e foi clara a declaração do dirigente.
Os representantes do Brusque informaram o caso de racismo para o representante da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que acompanhava o jogo. Também, segundo o time, foi feito um boletim de ocorrência na delegacia de polícia. A equipe da Polícia Militar que fazia plantão no estádio também foi notificada.
Após o jogo, o técnico do Brusque, Jerson Testoni, sem falar diretamente sobre o caso de racismo, ressaltou que a equipe é unida e que os jogadores precisam de mais incentivo e respeito. “Jogar aqui em Goiânia não é fácil”, afirmou.
O Brusque FC é líder do grupo e avança em direção a classificação para subir para a série B. No segundo tempo, quando o jogo estava um a zero para o time de Santa Catarina, o Vila Nova chegou a perder um pênalti. Foi o quinto jogo seguido sem derrota do Brusque.
A direção do Vila Nova negou que houve racismo. O time afirma que não teve outras testemunhas do xingamento, além da assessora de imprensa do time adversário.
A Alma Preta tentou entrar em contato com Vinicius Marinari, que teria sido o autor da ofensa racista contra o meia do Brusque. Até a publicação deste texto, o dirigente não respondeu ao contato. Via redes sociais, ele também não fez nenhuma referência à derrota ou à acusação de racismo. O Vila Nova, por sua vez, informou que vai entrar com uma acusação de calúnia contra o time de Santa Catarina.
Segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em 2019, a justiça esportiva julgou 10 casos de racismo e em oito deles houve a aplicação de multas, que somou pouco mais de R$ 81 mil. Cinco, das 10 multas, tiveram valor abaixo de R$ 2 mil.