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‘Discriminação e exotificação’: mulheres negras enfrentam desafios específicos em viagens

De acordo com influenciadora ouvida pela Alma Preta, mulheres negras devem considerar impacto do racismo antes de escolher destinos de viagens
A foto mostra uma mulher negra ao lado de uma mala, mexendo no celular.

A foto mostra uma mulher negra ao lado de uma mala, mexendo no celular.

— Reprodução/Freepik

19 de fevereiro de 2025

A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) registrou um aumento de, pelo menos, 20% no número de mulheres que viajaram para o exterior em 2023. No ano seguinte, o Ministério do Turismo (Mtur) assinou um documento para promover a equidade de gênero e o empoderamento das mulheres no setor do turismo.

O aumento de mulheres que viajam sozinhas evidencia as preocupações já existentes em relação à segurança. Para as mulheres negras, os fatores de gênero são acrescidos às possibilidades diárias de violência racial.

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A criadora de conteúdo sobre viagens Rebecca Aletheia explica que é necessário considerar fatores como racismo, estereótipos e interseccionalidades.

“Mulheres negras enfrentam frequentemente discriminação racial em aeroportos, hotéis e fronteiras, além de microagressões e exotificação em alguns destinos. Em muitos lugares, o acesso a serviços e proteção pode ser mais limitado, especialmente onde a presença negra não é tão comum”, explica, em entrevista à Alma Preta.

A influenciadora já passou por mais de 30 países e integra o coletivo Bitonga Travel, uma rede de apoio para mulheres negras que desejam viajar de modo mais seguro. O projeto oferece suporte, orientação e acompanhamento psicológico remoto para viajantes em situação emergencial.

“É importante destacar que situações de risco e assédio nem sempre estão relacionadas à violência sexual, mas também ao modo como uma mulher se sente diante de determinada experiência. Isso deve ser levado em consideração”, destaca.

‘Venderam um sonho’, denuncia produtora

A gestora de projetos e produtora executiva Ana Cecília Assis viveu uma experiência de risco e negligência com uma agência de São Paulo, onde contratou um intercâmbio para Joanesburgo, na África do Sul.

Assis relata que a agência foi negligente ao omitir informações sobre as regiões para onde os estudantes eram enviados. A empresa também teria a colocado em situação de risco e não prestado suporte para garantir sua segurança.

“Chegou um momento em que eu estava, além da situação de perigo, em situação financeira preocupante, porque o valor que eu tinha pensado que ia gastar foi quatro ou cinco vezes maior, e a agência nos prepara dizendo que R$ 50 por dia é o suficiente para sobreviver”, compartilha.

Ainda segundo a gestora de projetos, durante a hospedagem foi necessário adotar uma série de estratégias para evitar situações de risco nas ruas. Para ir ao mercado ou sair à noite, era preciso estar acompanhada de alguma pessoa nativa.

“Acho que o intercâmbio ainda é um sonho, é válido, mas eu não recomendaria a agência pela qual fui, porque ela vende um sonho, e quando você chega lá, você não está nesse sonho”, relata Ana.

Cuidados ao viajar para o exterior

Para as viajantes negras, Rebecca Aletheia orienta considerar o impacto do racismo e da xenofobia antes da viagem. 

“Mulheres negras devem considerar o contexto racial do destino. Alguns lugares têm menos familiaridade com a diversidade racial, o que pode resultar em experiências desconfortáveis ​​ou até mesmo discriminatórias. Estar ciente dos desafios culturais e de segurança para mulheres negras pode ajudar a se preparar melhor”, completa a influenciadora.

Entre as medidas de segurança, a criadora de conteúdo recomenda manter a cópia de documentos importantes, contratar seguro de viagem, atentar-se aos alertas de viagem e se preparar para eventuais emergências.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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