A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) não informa se os policiais militares envolvidos na morte do funcionário dos Correios Ademir Santana de Souza, no fim de maio, foram afastados das atividades da corporação. A informação foi questionada pela Alma Preta Jornalismo, mas a pasta vinculada ao governo do estado não respondeu. A falta de esclarecimento também é apontada pelo diretor do sindicato dos trabalhadores da empresa, o Sintect-SP.
“A PM disse que tem todo o interesse de resolver o caso e agir com transparência nas investigações, porém não informa se os polícias foram ou não afastados e quais medidas serão tomadas”, afirma Douglas Melo, diretor do sindicato.
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O trabalhador foi morto aos 49 anos, no dia 28 de maio, minutos após deixar o serviço, no Centro de Distribuição dos Correios na Mooca, bairro da Zona Leste da capital. Ademir usava uniforme e crachá no momento em que foi assassinado.
No dia 7 de junho a diretoria do sindicato da categoria e o ouvidor da polícias do Estado, Elizeu Lopes Soares, se reuniram com a cúpula da Polícia Militar para debater sobre as investigações da morte. “Cobramos que sejam apurados os fatos e que os culpados sejam punidos. O sindicato vai fazer de tudo para que seja feita Justiça. Estamos dando apoio jurídico à família e vamos acompanhar o caso até o fim”, explica Ricardo Adriane, outro diretor do Sintect-SP e secretário de Questão Racial da federação dos trabalhadores dos Correios.
O irmão do Ademir, Ailton de Souza, que também trabalha nos Correios, participou da reunião com os representantes do sindicato e contou aos participantes detalhes sobre a vida do irmão que trabalhava na empresa desde a década de 1990.
Reunião na sede da Polícia Militar com coronéis e sindicalistas dos Correios. | Foto: Ouvidoria das Polícias de São Paulo
A reunião do sindicato com a PM ocorreu após solicitação do ouvidor, que também exigiu o afastamento dos policiais militares que mataram o funcionário dos Correios. De acordo com a SSP, o trabalhador foi “flagrado com um objeto cortante na mão e não obedeceu à abordagem dos agentes, que intervieram”.
Na primeira versão, os PMs Carine de Castro Gonçalves, João Victor Matos dos Santos e Rodrigo Martins de Souza afirmaram que o objeto era uma faca, mas depois mudaram a versão e disseram que Ademir estava com uma tesoura.
No dia 28 de maio, logo depois das 23h, Ademir saiu do trabalho e foi em direção ao ponto de ônibus. Ele estava se recuperando da Covid-19 e ia para casa, no Parque Edu Chaves, na Zona Norte da cidade. Perto de uma passarela, ele foi abordado pelos policiais. A família e os colegas de trabalho de Ademir afirmam que ele não andava armado, tinha dificuldades para movimentos rápidos e, no trabalho dos Correios, atuava em uma função com restrição para carregar peso.