As duas primas, de apenas cinco e sete anos de idade, foram baleadas enquanto brincavam na porta de casa; parentes acusam PMs e, em reunião, governador em exercício no Rio de Janeiro diz que culpados serão punidos
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Bea Domingos
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No dia 23 de dezembro a família Moreira Santos iria comemorar o aniversário de cinco anos da menina Emily, que teve a vida interrompida por tiros de fuzil junto com a prima Rebeca de sete anos, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, por volta das 20h30, na sexta-feira (4). As duas primas brincavam na porta de casa.
A família está desolada e vai realizar um culto religioso até o final da semana para homenagear as crianças. Por medo de represálias, os pais de Rebeca e Emily também planejam mudar de bairro.
Foi organizada uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 100 mil para a compra de dois imóveis e para auxiliar no processo de reestruturação da família, com os custos de tratamento psicológico. Em um dia, a vaquinha recebeu o apoio de 345 pessoas e já arrecadou R$ 26.400.
Além disso, na segunda-feira (7), familiares das crianças tiveram uma audiência com o governador em exercício Cláudio Castro. Membros do Movimenta Caxias e da Coalizão Negra Por Direitos, integrantes da Defensoria Pública, da Anistia Internacional e da comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) também acompanharam o encontro.
Durante a conversa, a avó das meninas, Lídia da Silva Moreira Santos, denunciou o genocídio da população negra no Rio de Janeiro e a violência policial. Ela também exigiu transparência e rapidez nas investigações.
“Quero que a Justiça seja feita. Chega dessa violência dentro das favelas, onde 99% das pessoas são trabalhadoras”, afirmou a avó das meninas, segundo a assessoria do governador.
Foto: Rogério Santana/Governo do Rio de Janeiro
A família das meninas aponta os policiais militares que estavam fazendo uma ronda na região em busca de um automóvel furtado como os possíveis autores dos disparos de fuzil. Após os disparos, os policiais não socorreram as crianças baleadas e saíram em alta velocidade da favela.
“Faço um compromisso aqui com vocês, nós vamos atrás dos culpados. Se for agente do poder público, vamos punir severamente do mesmo jeito, me comprometo com a imparcialidade total. Cada família é uma história, um sonho, não é apenas um dado, não é um número. Minha luta é para não perder a humanidade que me trouxe aqui”, disse Cláudio Castro.
A assessoria da Polícia Militar, por sua vez, alegou que os cinco PMs que estavam na região no momento do duplo assassinato não fizeram nenhum disparo.