Crianças saíram de casa no dia 27 de dezembro e, desde então, não retornaram mais; familiares continuam buscando pistas e polícia do Rio de Janeiro ainda não solucionou o caso
Texto: Victor Lacerda e Roberta Camargo / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Reprodução/Facebook
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Há exatos 31 dias, Lucas Matheus, de 8 anos, Alexandre da Silva, 10, e Fernando Henrique, 11, moradores do Morro do Castelar, na região de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, saíram de casa para jogar bola e nunca mais voltaram. A última vez que eless foram vistos, segundo testemunhas, foi no dia 27 do último mês, enquanto brincavam em um campo de futebol próximo às suas residências. A comoção nas redes sociais e investigação da polícia ainda não foram suficientes para solucionar o caso e familiares seguem na esperança de encontrar os três meninos.
Algumas pistas falsas foram encaminhadas à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), sob a responsabilidade do delegado Uriel Alcântara, unidade que cuida do caso, mas as buscas não tiveram sucesso. Os garotos teriam sido vistos comprando ração para passarinho em uma praça conhecida da região, depois vistos em São João de Meriti, também na Baixada Fluminense, mas a Polícia Civil não conseguiu identificá-los.
Fato curioso do caso é que mais de 40 câmeras foram analisadas por Policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e as crianças não aparecem em nenhuma delas. Mais buscas foram feitas na região e em uma área de mata próxima, mas não houveram pistas.
Uma linha de investigação defendida por populares que acompanham o caso foi levada à delegacia responsável. Para os vizinhos, os meninos poderiam ter sido vítimas de um morador suspeito da região que, segundo testemunhas, estaria envolvido com práticas ligadas a rituais de sacrifício. O delegado responsável não confirmou a suspeita, mas o homem acabou detido por ter, em seu telefone pessoal, conteúdo de pornografia infantil, material proibido pela Lei nº 8.069, que prevê reclusão de 4 a 8 anos, além de multa.
Com mais uma pista não confirmada, familiares e vizinhos seguiram em protesto por quase 12 horas na região. Um ônibus público chegou a ser incendiado no local, tensionando o ato.
O caso ainda teve declaração de apoio aos pais das crianças por parte do então governador em atividade, Cláudio Castro, que afirmou ter intensificado a equipe de segurança pública nas operações de busca pelas crianças.
Denúncias ainda estão sendo recebidas e podem ser feitas pelos números disponibilizados pelo Programa SOS Crianças Desaparecidas, projeto desenvolvido pela Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Os números são: (21) 2286-8337 e (21) 98596-5296.
Procurada pela redação da Alma Preta, a assessoria de comunicação da Polícia Civil emitiu uma nota afirmando que as investigações estão em curso e detalhando algumas ações. Segue o texto:
Desde o desaparecimento dos três garotos, no dia 27 de dezembro de 2020, a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) realizou diligências em cerca de 40 lugares onde surgiram notícias de que eles foram vistos, ouviram familiares e testemunhas e analisaram imagens de mais de 40 câmeras de segurança que poderiam ter registrado as crianças. As diligências aconteceram na capital do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e em outros lugares apontados pelos familiares onde os meninos poderiam ter ido. Três operações foram realizadas em Belford Roxo para mapear a área e coletar informações que possam ajudar a localizar os garotos. Em uma delas, na comunidade Castelar, agentes da DHBF e da Polícia Militar realizaram diligências para identificar integrantes da organização criminosa que atua na localidade, trabalhando uma linha de investigação sobre possível participação de traficantes da região no desaparecimento. A suspeita foi cogitada após levantamento de informações e depois que criminosos torturaram um homem, indicando falsamente ser o responsável pelo desaparecimento dos meninos e imputando sua captura aos moradores. Além disso, os traficantes incitaram a população a atear fogo em um ônibus como forma de desviar o foco das investigações. Na ocasião, três pessoas foram presas por policiais civis da 54ª DP (Belford Roxo). A DHBF também coletou material genético dos familiares para armazenamento em banco de dados e análise de DNA. As investigações e buscas pelos garotos continuam.