Centenas de famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram bloqueios em rodovias no estado da Bahia nesta segunda-feira (22). A ação foi motivada por ataque de ruralistas no domingo, que resultou na morte de uma indígena da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe.
Os bloqueios ocorreram em trechos das rodovias BR-101, em dois pontos no Extremo Sul baiano, e BR-263, nas proximidades de Itambé, no sudoeste do estado.
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O crime aconteceu no município de Potiguará (BA), no Território Caramuru. A vítima era a indígena Maria de Fátima Muniz de Andrade, também conhecida como a Pajé Nega Pataxó, irmã de Cacique Nailton, que também foi baleado. Um tiro atingiu um dos rins e ele precisou passar por cirurgia. Outras pessoas foram hospitalizadas, mas não correm risco de morte.
A ação ocorreu durante uma tentativa de retomada da Fazenda Inhuma, cenário frequente de conflitos fundiários. Nega Pataxó era ativista e lutava pela defesa dos direitos dos indígenas. Dois fazendeiros foram presos em flagrante por porte ilegal de arma.
Em nota, o MST no estado repudiou a “ação violenta do grupo de fazendeiros milicianos, ao mesmo tempo, que exige do Estado uma investigação célere sobre esse grupo de milicianos que estão praticando diversas ações criminosas na Bahia, atuando como um estado paralelo e agindo fora da lei”.
Organizações exigem apuração completa do caso
A Comissão Arns e a Conectas Direitos Humanos também se manifestaram em nota pública. No documento, as organizações ressaltam que o ataque à Terra Indígena “foi articulado em um grupo de mensagens pela internet, numa operação que os agressores batizam de ‘Invasão Zero'” para expulsar os indígenas que lá se encontravam.
Diante destes fatos, as entidades exigem ao governador do estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), uma “completa e rápida apuração do caso, ainda mais em se tratando de um ataque anunciado”, frisa a nota ao também solicitar uma apuração da conduta da Polícia Militar do estado, “cujo efetivo, presente no local, foi incapaz de conter o conflito e evitar os seus desdobramentos”.
“Não haverá paz no campo sem Justiça. Aguardamos uma investigação rigorosa, cobrando os esclarecimentos devidos à sociedade brasileira. E, ao povo Pataxó Há-Há-Hae, prestamos a nossa solidariedade, neste momento doloroso”, conclui o documento.