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Fome severa pode atingir cerca de 50% dos palestinos em Gaza

Os dados são do relatório da Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC), que aponta 1,1 milhão de vítimas de fome catastrófica
A imagem mostra crianças palestinas recebendo alimentos cozidos como parte de uma iniciativa voluntária de jovens em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 5 de março de 2024, em meio à fome generalizada no território palestino.

Foto: Mohammed Abed/AFP

19 de março de 2024

Um relatório feito pela Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC, sigla em inglês) calculou que o grau mais elevado de fome, chamado “fome catastrófica”, deve alcançar 1,1 milhão de pessoas na Faixa de Gaza. Esse número equivale a 50% da população e pode ser alcançado até junho.

O mais recente estudo da IPC, publicado pela Agência Brasil, estimou que a desnutrição aguda de crianças entre 6 e 23 meses de idade aumentou de 16,2% para 29,2% no primeiro bimestre do deste ano. “Todas as evidências apontam para uma grande aceleração da morte e da desnutrição”, diz o documento.

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O chefe da Organização das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini, disse ter sido impedido de entrar em Gaza e pediu que as fronteiras e passagens sejam liberadas. Segundo ele, esse é o número mais alarmante de fome catastrófica já registrado pelo sistema IPC. 

A Unicef alertou sobre o número de crianças com menos de dois anos que sofrem com a desnutrição aguda. De acordo com a instituição, em apenas um mês o índice duplicou. “As crianças estão agora morrendo de desidratação e fome”, lamentou.

O quadro integrado de classificação da segurança alimentar é apoiado pela ONU e abriga entidades da sociedade civil de várias partes do mundo que produzem indicadores para medir o grau de fome a que populações estão submetidas.

A classificação IPC varia entre a fase 1, quando as pessoas têm suas necessidades básicas de alimentação atendidas, sem necessidade da adoção de atípicas, até a fase 5, quando famílias enfrentam a “extrema falta de alimentos”. Entre os dois extremos estão as fases 2 (estresse), 3 (crise) e 4 (emergência). 

O levantamento aponta que nas províncias do norte de Gaza, duas em cada três famílias, as pessoas passaram dias e noites inteiros sem comer pelo menos 10 vezes em 30 dias. “Nas províncias do sul, isto aplica-se a um terço dos agregados familiares.”

Ainda de acordo com o estudo, em outubro de 2023, 500 caminhões entravam em Gaza diariamente, sendo que 150 transportavam alimentos. Após  esse período, a média foi de 90 por dia, dos quais apenas 60 levavam comida.

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  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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