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Homens negros são as principais vítimas de tráfico de pessoas no Brasil

Vítimas indígenas, transgênero e pessoas com deficiência permanecem invisíveis aos registros oficiais
Imagem de uma vítima de trabalho escravo. Segundo dados de um relatório divulgado pelo Ministério da Justiça, homens negros são as principais vítimas de tráfico de pessoas no Brasil e a maior finalidade dos tráficos são mãos de obras análogas à escravidão.

Foto: Reprodução

31 de julho de 2024

O Ministério da Justiça divulgou nesta terça-feira (30), Dia Mundial e Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, um relatório que traça o perfil das vítimas de tráfico de pessoas no Brasil. O documento, elaborado com o apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas (UNODC), revela que a maioria das vítimas é composta por homens negros em plena idade produtiva, ou seja, entre 18 e 59 anos. Vítimas indígenas, transgênero e pessoas com deficiência permanecem invisíveis aos registros oficiais.

“O relatório expõe um conjunto de informações fornecidas por autoridades nacionais sobre o tráfico de pessoas de diferentes órgãos. Os dados quantitativos e qualitativos resultaram na atual ‘fotografia’ do tráfico de pessoas no Brasil, além de suscitar questões relativas a aspectos desse crime que não aparecem nos registros oficiais”, explicou em nota Marina Bernardes, coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes do MJSP.

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Este é o sexto estudo realizado pelo Brasil sobre o tema, com dados atualizados desde o último relatório, que cobria os anos de 2017 a 2020. O tráfico de pessoas é um crime com alta subnotificação, o que significa que os dados apresentados são estimativas. As vítimas temem denunciar devido à vergonha, discriminação, desconhecimento de sua condição de vítima, falta de informações sobre os mecanismos de denúncia ou medo de represálias.

A exploração laboral continua sendo a principal finalidade do tráfico de pessoas no Brasil. O número de estrangeiros resgatados em condições análogas à escravidão segue em crescimento, com paraguaios na liderança as nacionalidades resgatadas entre 2021 e 2023, seguidos por venezuelanos e bolivianos. Pela primeira vez, brasileiros também foram registrados em postos consulares como vítimas de exploração laboral no exterior, uma mudança em relação à tradicional exploração sexual que afetava brasileiros internacionalmente.

O relatório também aponta para finalidades do tráfico de pessoas que permanecem invisíveis, como a exploração para cometimento de delitos, incluindo transporte de drogas, produção de mercadorias ilícitas e ações financeiras fraudulentas. A adoção ilegal, utilizando métodos sofisticados e com um número maior de envolvidos, também está em ascensão.

A perspectiva de gênero foi discutida em relação ao trabalho escravo doméstico e à exploração do trabalho sexual, ambas ignoradas socialmente devido à desigualdade estrutural entre homens e mulheres. O trabalho escravo doméstico está em crescente debate no país, gerando mais denúncias e resgates. Já a exploração do trabalho sexual ainda enfrenta muitos preconceitos e tabus, dificultando a proteção e garantia de direitos para as mulheres.

Além do relatório nacional sobre tráfico de pessoas, que cobre os dados de 2021 a 2023, o Ministério da Justiça também disponibilizou a cartilha de um plano nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas. O plano possui cinco eixos estratégicos: Estrutura da política pública, Coordenação e parcerias, Prevenção, Proteção e assistência às vítimas, e Repressão e responsabilização, contendo metodologias de implementação, mecanismos de financiamento e monitoramento e avaliação.
O relatório completo pode ser consultado neste link.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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