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Índice de assédio contra mulheres pretas é 22% superior ao de mulheres brancas

Estudo sobre vulnerabilidade das mulheres na pandemia, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra também que uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência no último ano

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Getty Images

Ato pelo fim da violência contra as mulheres, no Rio de Janeiro.

Foto: Rio de Janeiro - Protesto no Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, pelo fim da violência contra as mulheres e contra o PL 5069/13, em frente à Câmara de Vereadores (Fernando Frazão/Agência Brasil)

7 de junho de 2021

O perfil dos casos de violência contra mulheres e a percepção da população sobre o tema durante a pandemia da Covid-19 estão na terceira edição da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O estudo mostra um aumento da vulnerabilidade das mulheres, principalmente as negras (pretas e pardas). Nos últimos 12 meses, 52,2% das mulheres pretas sofreram assédio, índice acima dos 40,6% entre as mulheres pardas e de  30% entre as mulheres brancas.

Uma em cada quatro mulheres brasileiras (24,4%) acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência a física, psicológica ou sexual no último ano, o que significa cerca de 17 milhões de vítimas. Ao mesmo passo que cinco em cada dez brasileiros (51,1%) relataram ter visto uma mulher sofrer algum tipo de violência no seu bairro ou comunidade ao longo dos últimos 12 meses.

Leia também: Câncer de mama: sobrevivência de mulheres negras é até 10% menor

Aumento da violência na pandemia

Segundo a conclusão da pesquisa, a crise sanitária deixou as mulheres convivendo mais tempo com seus agressores, reduziu a renda familiar e aumentou as tensões em casa. Além disso, afastou as mulheres de uma potencial rede de proteção.

Em um ano de pandemia, 4,3 milhões de mulheres (6,3%) foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa dizer que a cada minuto oito mulheres apanharam no Brasil. A pesquisa também apontou que 3,7 milhões de brasileiras (5,4%) sofreram ofensas sexuais ou tentativas de estupro.

Para 73,5% dos entrevistados em geral, a violência contra a mulher cresceu durante a pandemia da Covid-19. Mais mulheres reportaram aumentos maiores nos níveis de estresse durante a crise sanitária, 50,9%. Enquanto que essa mudança só foi indicada por 37,2% dos homens.

Ainda de acordo com o levantamento, sete em cada dez agressores são conhecidos da vítima, cerca de 25% são os atuais companheiros, 18% são ex-companheiros, cerca de 11% são pais ou mães e 5% são padrastros ou madrastras.

Uma em cada quatro das mulheres que sofreram violência durante a pandemia destacaram que a perda de emprego e renda e impossibilidade de trabalhar para garantir o próprio sustento são os fatores que mais pesaram para a ocorrência de violência que vivenciaram.

A pesquisa do FBSP, em parceria com o DataFolha, ouviu 2.079 pessoas com mais de 16 anos de idade, em 130 municípios, entre os dias 10 e 14 de maio de 2021.

Em levantamento anterior, divulgado em 2020, o Fórum apurou que no primeiro semestre do ano passado comparado com o mesmo período de 2019, houve redução de 10,9% nos registros de lesão corporal dolosa, 16,8% nos de ameaças, 23,5% nos estupros de mulheres e 22,7% nos estupros de vulneráveis. Por outro lado, houve um aumento de 0,8% nos homicídios dolosos de mulheres e 1,2% nos casos registrados como feminicídios. Além disso, 66,6% das vítimas de feminicídio de 2020 foram mulheres negras, as brancas foram 33,1% das vítimas.

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