O Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) confirmou, na última quinta-feira (11), o retorno do Manto Tupinambá, artefato indígena secular que esteve em posse da Dinamarca nos últimos 300 anos. Em nota, a instituição anunciou estar organizando uma apresentação da peça para a sociedade.
Porém, o Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito), da Bahia, informou que não foi permitido que o manto fosse recebido pelos próprios indígenas. Em comunicado publicado no Instagram, a organização expôs que, devido um acordo, ele deveria ser recepcionado primeiro pela comunidade indígena antes de ser exposto ao público.
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A vestimenta, de grande importância cultural e espiritual para a etnia, seria recebida em uma cerimônia coordenada pela comunidade “para o bem espiritual” do povo e do manto.
Segundo a nota, o compromisso foi firmado com a presença da cacique Jamopoty Tupinambá, testemunhas e membros do museu. No encontro, teria sido confirmado que nenhuma decisão sobre o patrimônio seria tomada sem a consulta do Cito.
“Esse manto de mais de trezentos anos é um ancião sagrado que carrega consigo a história e a cultura de nosso povo, como foi transmitido para nós por Amotara, nossa anciã. Reiteramos firmemente que nossa relação com o manto deve ser respeitada”, diz trecho da nota.
O conselho, composto por lideranças e pela comunidade tupinambá de Olivença, em Ilhéus, aponta que só foram avisados que não poderiam realizar a cerimônia quando a peça já estava em posse da instituição, no dia 8 de julho.
O Cito ainda reforça que todas as decisões futuras sobre o manto e abertura da exposição para o público devem respeitar os acordos estabelecidos previamente, além de reconhecer a importância cultural do artefato para os Tupinambás. “O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo de acordo com nossas tradições”.